Candidato do MDB diz que Pacheco não pretende disputar governo de MG

Gabriel Azevedo afirma que candidatura será 'independente' e senador está focado em se tornar ministro do STF

Gabriel Azevedo (MDB) e Rodrigo Pacheco (PSD), ambos de Minas Gerais
Gabriel Azevedo (MDB) e Rodrigo Pacheco (PSD), ambos de Minas Gerais Foto: Montagem/IstoÉ

O MDB lança nesta terça-feira, 4, a pré-candidatura de Gabriel Azevedo, ex-presidente da Câmara Municipal de Belo Horizonte, ao governo de Minas Gerais. A empreitada estreita ainda mais o caminho para o senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG) concorrer ao cargo e dar palanque ao presidente Lula (PT) em 2026.

À IstoÉ, Azevedo afirmou que o ex-presidente do Senado parabenizou sua pré-candidatura e afirmou que não pretende disputar o Palácio da Liberdade porque deseja ser indicado pelo petista à vaga aberta no STF (Supremo Tribunal Federal) com a aposentadoria de Luís Roberto Barroso — que hoje tem o advogado-geral da União, Jorge Messias, como favorito.

Caminho estreito para Pacheco

Desde que o PSD de Pacheco filiou o vice-governador do estado, Mateus Simões, que deve assumir o Executivo com a ida de Romeu Zema (Novo) para a disputa presidencial e concorrer à reeleição, as chances de que o senador dispute o cargo no partido se reduziram e mudanças para MDB ou PSB com esse objetivo foram aventadas.

“Ficou muito claro para o Pacheco que o MDB tem pré-candidatura. Para ser candidato ao governo de Minas Gerais tem que ter tesão, e eu estou com tesão para isso“, disse Azevedo, que acrescentou não dispensar o apoio do aliado.

Procurado pela IstoÉ, Pacheco não comentou; publicamente, ele diz que as duas posições — governo ou STF — são “muito honrosas”, mas está focado no trabalho parlamentar. Uma fonte ligada ao senador relatou, sob condição de anonimato, que ele não descartou qualquer hipótese eleitoral para 2026.

Busca por espaço sem Lula ou Bolsonaro

O emedebista taxou sua candidatura como “independente” e disse ter o objetivo de ocupar um vácuo de “todo mundo que não é 100% bolsonarista” na disputa, que tem, além de Simões, o senador Cleitinho Azevedo (Republicanos, que chegou a convidar Azevedo para ser seu vice) também disputando o apoio de Jair Bolsonaro (PL) e seu grupo político.

O mineiro tem seu próprio modo de pensar, que é do equilíbrio, da ponderação e do trabalho. É esse espaço que eu quero representar“, afirmou. O discurso de distanciamento da polarização nacional é similar ao de Alexandre Kalil, que se filiou ao PDT com o objetivo de concorrer ao mesmo cargo — mas está inelegível –; o ex-prefeito de Belo Horizonte, contudo, foi apoiado por Lula em 2022.

Na avaliação de Azevedo, o agora pedetista teria dificuldade para atrair apoios fora do petismo. “Ele se isolou ao deixar de falar com todos os polos para se tornar apenas o representante do Lula. O governo Fernando Pimentel [2015 a 2018] foi um desastre, e o PT vai levar tempo para convencer os mineiros de que não repetiria os mesmos problemas”.

A última disputa do ex-parlamentar foi em 2024, quando recebeu 10,58% dos votos e ficou em quarto lugar pela prefeitura de BH, contra os candidatos de Kalil (Mauro Tramonte, 15,15%), Bolsonaro (Bruno Engler, derrotado no segundo turno) e Lula (Rogério Correia, 4,38%). Quem venceu foi o então prefeito Fuad Noman (PSD, morto meses após assumir o mandato).