Do formato inspirado em uma pizza ao apelido carinhoso dado no Brasil, Pac-Man virou símbolo da cultura pop.Era uma quinta-feira comum quando, em 1980, o lançamento de um jogo revolucionou o entretenimento a nível mundial. Neste dia, 45 anos atrás, o Japão estreou "Pac-Man”, popularmente conhecido no Brasil como "Come-Come”, criação de Toru Iwatani. Sua mecânica simples, com labirintos e fantasmas, conquistou toda uma geração e seu sucesso perdura até os dias atuais.
O lançamento foi feito para jogos de fliperama e se tornou um sucesso sem precedentes na história da indústria. O estrondo foi tão grande que bateu dois recordes mundiais que mantem até hoje: sua máquina foi a mais comercializada na história, com cerca de 300.000 vendas apenas em seus primeiros sete anos de mercado, além de se consagrar como a maior arrecadação financeira.
"Pac-Man é o ícone mais antigo dos videogames, o mais reconhecido. O personagem que está na história há mais tempo. Todo mundo reconhece seu desenho em suas mais de 200 aparições no universo dos videogames”, destaca José Carlos Tapia, diretor de marketing da Bandai Namco, empresa responsável pelo título do jogo, em entrevista com a agência de notícias espanhola EFE.
A mecânica "simples” do videogame é um dos principais destaques que atraiu e ainda atrai uma série de jogadores. "Os jogos da época eram muito simples, mas Pac-Man tem um algoritmo muito peculiar. Os fantasmas se comportam de maneira diferente; cada fantasma tem um comportamento diferente", diz o chefe da empresa japonesa.
Mesmo agora, 45 anos após sua primeira estreia, o Pac-Man segue com uma base fiel de fãs e com lançamentos periódicos nos mais tecnológicos videogames, como o PlayStation 5. Virou série, dominou produtos de papelaria e, durante a pandemia, foi até inspiração para desenvolverem uma versão para incentivar o isolamento social e a importância dos Equipamentos de Proteção Individual (EPI).
Come-Come: apelido carinhoso entre brasileiros
Originalmente, o nome do jogo era "Puck-Man” – fazendo uma leve alusão à onomatopeia japonesa "paku”, representando o som que a boca faz ao se abrir e fechar. Para se adequar e disseminar mais facilmente no ocidente, especialmente países cuja língua nativa é o inglês e uma troca de consoantes poderia transformar o nome do jogo em uma obscenidade, o "puck” virou "pac”. Além disso, a mudança ajudaria a popularizar o personagem no mercado ocidental.
No Brasil, chegou apenas em 1983 e já se estabeleceu com um apelido um tanto quanto curioso. Segundo o Uol, "Come-Come” apareceu, pela primeira vez, numa reunião interna da Philips. Na época, o jogo foi descrito como "é um bichinho, ele vai num labirinto e come, come, come…”. Marcus Garrett também contou essa história em seu livro, "1983 + 1984: quando os videogames chegaram”. Essa adaptação do nome foi essencial para que a população brasileira se identificasse com o arcade.
Tudo começou com pizza
Uma pizza com uma fatia faltando – é assim que o Pac-Man se parece. Quando ele se move, essa "fatia” abre e fecha como se fosse uma boca animada, dando a impressão de que ele está mastigando os pontos espalhados no labirinto.
A referência ao alimento, neste caso, também se refere à forma como o criador teve a ideia para a criação do personagem. Iwatani já estava desenvolvendo o jogo que envolvia o ato de comer e algumas frutas, mas a ideia visual para desenhar a forma do Pac-Man veio justamente ao olhar para uma pizza e ver um pedaço faltando.
O design do jogo, diferente dos cenários violentos que eram comuns em arcade na época, também foi essencial para atrair um novo perfil de interessados: mulheres. Assim, o carisma do personagem e a interface amigável ajudaram a disseminar e conquistar novos públicos que estavam alheios ao universo de games.
O legado de Pac-Man será mantido por muitos anos. "Ele é o nosso mascote, teve mais jogos de arcade em termos de mecânica, jogos de plataforma, esteve envolvido em jogos como 'Mario Kart', como 'Super Smash Bros'… E, claro, ele estará aqui não apenas por esses 45 anos, mas por muitos mais", conclui Tapia.