Pronto. Acabou a eleição.

Porque aqui a gente é um país moderno e não tem essa palhaçada de pedir recontagem. Nada disso.

Aqui é urna eletrônica, meu filho. Aqui é biometria.

Aqui o resultado sai antes dos mesários chegarem em casa.

E aqui, para falar a verdade, a gente nem precisa votar.

Porque o grande vencedor dessa eleição foi o Partido Brasileiro da Abstenção Nacional.

Sigla nova, criada para confrontar a política tradicional.

O PABS teve uma performance invejável.

No Brasil todo teve esmagadores 29,5% dos votos no segundo turno.

Goiânia foi à capital onde o partido teve sua mais expressiva votação com 36,80%. Também pudera.

Pertinho de Brasília os goianienses devem ter se identificado com a proposta do PABS de rejeitar a velha política. E a nova também.

Em segundo lugar veio o Rio de Janeiro, que como todos sabemos, é um estado que escolhe governadores melhor do que ninguém. Lá o PABS brilhou com 35% dos votos.

Teve ainda São Paulo com 30%, onde o PABS não venceu, mas teve mais votos que o Boulos.

Mas, afinal, qual é a plataforma do PABS, capaz de conquistar tantos eleitores?

Em primeiro lugar está o fato de que o PABS não é um partido nem de Direita, nem de Esquerda. Também não é de Centro. O PABS é um partido de Baixo. Ou de Cima.

Está abaixo do radar político ou acima da política partidária.

Seus candidatos não aparecem nem fazem propaganda.

Sua ideologia é uma evolução do Liberalismo, o Libera Geral

Sabe a máxima de Adam Smith de que uma mão invisível regula o mercado? Então, para o PABSista de raiz, é tudo invisível, não só a mão.

O Executivo, o Legislativo e o Judiciário são invisíveis também.

Pouco importa quem governa a cidade, o estado ou o país, não adianta tentar mudar. Quem votou no PABS decidiu que o melhor para o país é deixar como está e pronto.

Em todo o Brasil a legenda teve esmagadores 29,5% dos votos no segundo turno. Não venceu em São Paulo, mas teve mais votos que Boulos

Mas a ideologia do partido vai além do posicionamento político.

O partido reflete uma verdadeira filosofia de vida.

Quando questionados sobre qualquer dos problemas nacionais, respondem:

– Não tem jeito.

Os opositores do partido dizem que os PABSitas são niilistas

Mentira! Niilistas não acreditam em nada, o que já é acreditar em alguma coisa.

No PABS nem mesmo se preocupam em acreditar no que quer que seja. Não é a toa que o slogam do partido é “PABS pra quem tá nem aí”.

Outra acusação frequente dos adversários é a de que se você é membro do PABS, não pode reclamar de quem foi eleito.

Ora por favor. PABS que é PABS não reclama de ninguém.

Desistiu. Seus membros não perdem mais tempo reclamando do governo faz tempo.

E num diálogo entre membros do partido será fácil você ouvir:

– Esse país não tem jeito. Tá assim desde que o primeiro português desembarcou aqui.

Porque para eles, o país não vai melhorar no futuro e nem foi melhor no passado. Para eles a corrupção não tem solução.

Nem a criminalidade, o desemprego ou a distribuição de renda. Mas o que realmente importa é que com essa vitória acachapante nas eleições municipais, o PABS desponta como uma força para a eleição presidencial de 2022.

Seu candidato ainda não está definido oficialmente, mas analistas políticos estão certos de que o nome escolhido será
o do membro mais ilustre do partido: O Ninguém.

Um forte candidato, porque como nossos políticos, Ninguém tem experiência em economia, em saúde, em educação. Ninguém é um ídolo dentro do partido, apesar de nunca ter feito um discurso.

Nas convenções Ninguém está presente.

E um influente jornalista político outro dia publicou uma profunda análise na qual concluía:

– Do jeito que o país está, seria melhor Ninguém governando do que os que estão aí.

Difícil discordar.