04/12/2020 - 9:30
Pronto. Acabou a eleição.
Porque aqui a gente é um país moderno e não tem essa palhaçada de pedir recontagem. Nada disso.
Aqui é urna eletrônica, meu filho. Aqui é biometria.
Aqui o resultado sai antes dos mesários chegarem em casa.
E aqui, para falar a verdade, a gente nem precisa votar.
Porque o grande vencedor dessa eleição foi o Partido Brasileiro da Abstenção Nacional.
Sigla nova, criada para confrontar a política tradicional.
O PABS teve uma performance invejável.
No Brasil todo teve esmagadores 29,5% dos votos no segundo turno.
Goiânia foi à capital onde o partido teve sua mais expressiva votação com 36,80%. Também pudera.
Pertinho de Brasília os goianienses devem ter se identificado com a proposta do PABS de rejeitar a velha política. E a nova também.
Em segundo lugar veio o Rio de Janeiro, que como todos sabemos, é um estado que escolhe governadores melhor do que ninguém. Lá o PABS brilhou com 35% dos votos.
Teve ainda São Paulo com 30%, onde o PABS não venceu, mas teve mais votos que o Boulos.
Mas, afinal, qual é a plataforma do PABS, capaz de conquistar tantos eleitores?
Em primeiro lugar está o fato de que o PABS não é um partido nem de Direita, nem de Esquerda. Também não é de Centro. O PABS é um partido de Baixo. Ou de Cima.
Está abaixo do radar político ou acima da política partidária.
Seus candidatos não aparecem nem fazem propaganda.
Sua ideologia é uma evolução do Liberalismo, o Libera Geral
Sabe a máxima de Adam Smith de que uma mão invisível regula o mercado? Então, para o PABSista de raiz, é tudo invisível, não só a mão.
O Executivo, o Legislativo e o Judiciário são invisíveis também.
Pouco importa quem governa a cidade, o estado ou o país, não adianta tentar mudar. Quem votou no PABS decidiu que o melhor para o país é deixar como está e pronto.
Em todo o Brasil a legenda teve esmagadores 29,5% dos votos no segundo turno. Não venceu em São Paulo, mas teve mais votos que Boulos
Mas a ideologia do partido vai além do posicionamento político.
O partido reflete uma verdadeira filosofia de vida.
Quando questionados sobre qualquer dos problemas nacionais, respondem:
– Não tem jeito.
Os opositores do partido dizem que os PABSitas são niilistas
Mentira! Niilistas não acreditam em nada, o que já é acreditar em alguma coisa.
No PABS nem mesmo se preocupam em acreditar no que quer que seja. Não é a toa que o slogam do partido é “PABS pra quem tá nem aí”.
Outra acusação frequente dos adversários é a de que se você é membro do PABS, não pode reclamar de quem foi eleito.
Ora por favor. PABS que é PABS não reclama de ninguém.
Desistiu. Seus membros não perdem mais tempo reclamando do governo faz tempo.
E num diálogo entre membros do partido será fácil você ouvir:
– Esse país não tem jeito. Tá assim desde que o primeiro português desembarcou aqui.
Porque para eles, o país não vai melhorar no futuro e nem foi melhor no passado. Para eles a corrupção não tem solução.
Nem a criminalidade, o desemprego ou a distribuição de renda. Mas o que realmente importa é que com essa vitória acachapante nas eleições municipais, o PABS desponta como uma força para a eleição presidencial de 2022.
Seu candidato ainda não está definido oficialmente, mas analistas políticos estão certos de que o nome escolhido será
o do membro mais ilustre do partido: O Ninguém.
Um forte candidato, porque como nossos políticos, Ninguém tem experiência em economia, em saúde, em educação. Ninguém é um ídolo dentro do partido, apesar de nunca ter feito um discurso.
Nas convenções Ninguém está presente.
E um influente jornalista político outro dia publicou uma profunda análise na qual concluía:
– Do jeito que o país está, seria melhor Ninguém governando do que os que estão aí.
Difícil discordar.