Sempre preocupado com questões de sexualidade e identidade, o francês François Ozon propõe seu filme talvez mais perturbador. Em O Amante Duplo, Marina Vacth, que ele já dirigiu em Jovem e Bela, de 2013, se envolve com seu psicanalista, mas faz descobertas surpreendentes sobre a personalidade dupla do (agora) companheiro.

Ozon propõe imagens que podem até soar enigmáticas – um olho numa vagina – e o relato erótico lá pelas tantas adquire contornos de horror. Mas ele mantém não só o clima como propõe um desfecho também psicanalítico, como num thriller de Alfred Hitchcock.

Jerémie Rénier, que faz o amante duplo, é um ator conhecido dos filmes dos irmãos Dardenne – A Criança, O Garoto da Motocicleta, A Garota Desconhecida. Saint Laurent, a versão de Bertrand Bonello, já lhe proporcionara um outro tipo de papel e personagem. Em conversa com o repórter, Rénier admitiu que nenhum outro diretor explorou sua virilidade na tela. “Mas François dizia que, se não fosse assim, o filme estaria perdido.”

O Amante Duplo

(Fr, Bélgica/2017, 107 min.)Dir. de François Ozon. Com Marine Vacth, Jérémie Renier, Jacqueline Bisset