A Ouvidoria das polícias do Estado de São Paulo instaurou procedimento para acompanhar a investigação do caso de policiais militares que mataram um suspeito no interior e omitiram a ocorrência da Polícia Civil. O caso foi revelado pelo jornal O Estado de S. Paulo nesta sexta-feira, 29. O ouvidor Benedito Mariano disse que a situação é “grave” e demanda esclarecimento.

“Enviamos ofício para o corregedor. Achamos a ocorrência grave. Além de haver indícios de o local dos fatos não ter sido preservado, tem uma questão que precisa ser apurada em relação a usurpação da função institucional de outra polícia”, disse o ouvidor. A Secretaria da Segurança Pública havia informado à reportagem que a Corregedoria da Polícia Militar instaurou procedimento para apurar o caso.

O caso

Policiais militares mataram um suspeito, no último domingo, 24, durante abordagem em uma rodovia em Tarumã, a cerca de 460 quilômetros da capital paulista, e omitiram o caso da Polícia Civil, a quem compete a investigação. No entendimento do comandante dos PMs envolvidos na ocorrência, a responsabilidade de apuração do caso seria da própria Polícia Militar.

O episódio retoma polêmica iniciada em agosto quando o Tribunal de Justiça Militar(TJM) baixou a resolução 54/2017, que previa a apreensão de instrumentos e objetos relacionados à apuração de crimes militares dolosos contra a vida de civis. Na prática, o TJM afastava dos civis a apuração de casos de letalidade policial, no ano em que esse tipo de registro bateu o recorde da série histórica com 927 casos no Estado. Em setembro, a resolução foi suspensa pelo Tribunal de Justiça, a pedido do Ministério Público (MP), até o julgamento sobre o assunto, que ainda não ocorreu.

O homem morto pelos agentes do 32º Batalhão da PM era Ednilson de Oliveira Camargo, de 27 anos, e a abordagem aconteceu no km 424 da Rodovia SP-333. A PM acreditava que ele era autor de roubo e estupro.