Outubro Rosa é uma campanha de conscientização que tem como objetivo principal alertar as mulheres sobre a importância da prevenção e do diagnóstico precoce do câncer de mama, que, com exceção dos tumores de pele não melanoma, é o tipo mais comum da doença entre as mulheres.
“O câncer de mama é causado quando as células da mama sofrem mutações que as fazem se multiplicar de maneira anormal, formando um tumor. Existem diversos tipos de câncer de mama que variam de intensidade, e por conta de fatores genéticos, a doença evoluirá de formas diferentes”, explica o oncologista *Dr. Ramon Andrade de Mello, do Centro Médico Paulista High Clinic Brazil (São Paulo), vice-presidente da Sociedade Brasileira de Cancerologia.
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Mas, apesar da complexidade da doença, a detecção precoce é a chave para o sucesso do tratamento, aumentando consideravelmente as taxas de cura.
“Na grande maioria dos casos em que o câncer de mama é diagnosticado precocemente, as chances de cura ultrapassam 90%”, pontua o médico, acrescentando que a principal estratégia para identificar esse tipo de tumor precocemente é uma combinação do autoexame da mama com a realização regular da mamografia.
“O autoexame é importante para que a mulher conheça a própria mama e consiga perceber alterações suspeitas que podem indicar tumores, como nódulos endurecidos, secreções e alterações na pele, como retração ou aspecto de ‘casca de laranja’. Mas ele não substitui os exames regulares de rastreio, como a mamografia, que é a forma mais eficaz de detecção precoce, pois consegue identificar lesões antes de serem palpáveis, devendo ser realizado anualmente a partir dos 40 anos”, diz o Dr. Ramon.
A atenção deve ser redobrada por mulheres com maior predisposição a desenvolverem o câncer de mama, que é mais comum após os 50 anos, em pessoas com histórico familiar ou pessoal da doença e com mutações hereditárias em genes específicos.
“E embora muitos casos de câncer de mama estejam associados a fatores genéticos e hereditários, o estilo de vida e a alimentação desempenham um importante papel na saúde do corpo e podem aumentar ou diminuir sua suscetibilidade. Por isso, algumas medidas podem ajudar a prevenir o câncer de mama, incluindo: dieta balanceada, rica em frutas e vegetais e evitando alimentos pró-inflamatórios como frituras e gorduras trans; evitar sobrepeso, já que a obesidade está relacionada ao aumento do risco de vários cânceres, incluindo o de mama; atividades físicas regulares, pelo menos 1 hora, 3 dias por semana; evitar ingestão excessiva de bebidas alcoólicas e não fumar”, explica o médico.
Mas uma vez diagnosticado, o tratamento deve ser iniciado o quanto antes para aumentar as chances de sucesso e conter a progressão do câncer, impedindo que cresça e se espalhe para outros órgãos.
“O tratamento é individualizado e indicado caso a caso. No geral, a cirurgia costuma ser a primeira indicação, podendo ser conservadora, quando apenas parte da mama é retirada, ou total, quando há necessidade da retirada completa da mama. Muitas vezes, a cirurgia é combinada com sessões de quimio e radioterapia, seja antes, para diminuir o tamanho do tumor, ou depois, para eliminar possíveis células residuais e reduzir o risco de recidiva”, pontua o especialista.
Existem ainda tratamentos mais novos voltados para casos específicos.
“A hormonioterapia pode ser indicada quando o tumor depende de hormônios para crescer, as terapias-alvo agem em alterações específicas, como o marcador tecidual HER2, e a imunoterapia vem sendo utilizada em casos selecionados, como o câncer de mama triplo-negativo, ajudando o próprio sistema de defesa do corpo a combater a doença”, diz o Dr. Ramon Andrade de Mello, que ressalta que a escolha deverá ser feita pelo médico de acordo com o diagnóstico, necessidades e características individuais de cada paciente.