Ouro sobe com percepção de risco geopolítico por tensão entre EUA e Rússia

O ouro fechou em alta na sessão desta segunda-feira, 9, em linha com a intensificação da percepção de investidores sobre o risco geopolítico que deriva das tensões entre os Estados Unidos e a Rússia.

Ontem, o presidente americano, Donald Trump, escreveu em sua conta no Twitter que “o presidente Putin, a Rússia e o Irã são responsáveis por apoiar o animal (Bashar) Assad (presidente da Síria)”, e que isso implica um “alto preço a pagar”. Trump se referia às acusações de que as forças militares sírias promoveram um ataque com armas químicas na cidade de Douma, nos arredores de Damasco.

A declaração engrossou o caldo da tensão geopolítica apenas dois dias após Washington anunciar sanções contra oligarcas e empresas russos ligados ao Kremlin.

Na avaliação do analista-chefe de mercado da ThinkMarkets, Naeem Aslam, as “tensões geopolíticas avançaram a um novo escalão” com o anúncio das medidas punitivas. “Isso trouxe atenção ao ouro” como um ativo de segurança contra riscos para o mercado, afirmou.

Na Comex, a divisão de metais da New York Mercantile Exchange (Nymex), o contrato futuro de ouro para abril fechou com ganho de US$ 4,00 (+0,30%), a US$ 1.340,10 a onça-troy.

Sobre a recente volatilidade do metal amarelo em meio ao embate tarifário entre Washington e Pequim, o banco UBS avalia que, “na realidade”, o cenário macroeconômico mais amplo não mudou muito e, apesar das variações intermitentes, o ouro não se movimentou para além de uma faixa de preço estabelecida.

“Em anos recentes, o impacto de riscos geopolíticos sobre os preços de ouro tendeu a ser transitório, a não ser que haja uma escalada ou uma expectativa significativa de efeitos negativos consistentes sobre a economia”, escrevem analistas do banco suíço.

Já o Commerzbank aponta que a cotação do metal amarelo “pouco reagiu” a indicadores “fracos” do mercado de trabalho americano. E acrescenta que a “vitória estrondosa” do partido eurocético do primeiro-ministro reeleito da Ucrânia, Viktor Orbán, nas eleições parlamentares do país tampouco “emprestaram fôlego” ao ouro.

“Em diversas ocasiões recentes, o ouro respondeu mais a notícias com viés baixista para a cotação do que às favoráveis ao metal. Isso pode sinalizar uma correção de preços a caminho que poderia puxar o ouro novamente em direção à marca de US$ 1.300 (por onça-troy)”, escreve o Commerzbank. (Com informações da Dow Jones Newswires)