A exposição “Aleijadinho Virtual – O primeiro artista brasileiro” estreia dia 11 de novembro no Museu da Inconfidência, em Ouro Preto, Minas Gerais, e tem duração até 10 de dezembro.

A mostra vai reunir, de forma inédita, a vida e as principais obras do maior mestre do barroco-rococó das Américas. Um dos objetivos da exposição é contribuir para a preservação do patrimônio do artista, criando um registro digital de alta definição de suas obras mais importantes.

Experiências interativas

Os visitantes terão acesso a uma experiência interativa em realidade virtual (VR) e uma exposição com as obras em realidade aumentada (AR). Na experiência VR, haverá três estações de realidade virtual de última geração, com sessões individuais a cada 15 minutos em cada uma delas.

O público poderá agendar gratuitamente um horário e ao colocar os óculos será transportado para um encontro virtual com Aleijadinho em meio as suas obras mais famosas em Ouro Preto e Congonhas. Os visitantes poderão se movimentar dentro da experiência, interagir com objetos e até mesmo esculpir um dos 12 Profetas de Aleijadinho enquanto o Mestre os guia no ofício. A experiência VR é aberta para maiores de 12 anos.

Já a exposição em realidade aumentada, vai mostrar dezenas de obras de Aleijadinho digitalmente em 3D. Usando a câmera de seus próprios celulares, o público poderá ver as obras como hologramas em alta definição presentes no espaço físico da exposição. Entre as obras estão Cristo com Cruz às Costas, o altar da Igreja de São Francisco e os 12 Profetas do Santuário de Bom Jesus de Matosinhos. A classificação é livre e não é necessário agendamento prévio.

“A ideia do projeto surgiu quando fomos convidados para criar uma experiência imersiva em torno das festividades da Semana Santa em Congonhas, e o local mais importante das festas religiosas era o Santuário de Bom Jesus de Matosinhos, que reúne um conjunto de obras de Aleijadinho. Na ocasião percebemos que, apesar de ser considerado o maior artista do período colonial e patrono das artes no Brasil, Aleijadinho não era realmente conhecido pelo público”, explicou Francisco Almendra, diretor do projeto.

Inovação e tecnologia

Segundo Francisco Almendra, a exposição recria Aleijadinho digitalmente de maneira fiel às pesquisas históricas, mas com uma voz contemporânea, ligada em temas atuais. Foi usado scan 3D para digitalizar suas obras mais famosas em alta resolução, mas ao invés de encontrá-las distantes e frias como num museu, o público vai ficar lado a lado com Aleijadinho e ajudar a esculpir um dos profetas de pedra sabão em sua oficina.

“Hoje em dia ninguém quer viver passivamente como se fazia no passado; queremos interagir, trocar. E é isso que vamos fazer em ‘Aleijadinho Virtual’: interagir em primeira mão com o primeiro grande artista brasileiro, utilizando a tecnologia para facilitar essa ponte entre o passado e o futuro, levando o físico para o digital, e nos convidando a fazer parte da História”, explicou Almendra.

Para Alex Calheiros, diretor do Museu da Inconfidência, “Aleijadinho tem uma presença significativa em muitos lugares da cidade. Na Igreja de São Francisco, no próprio Museu da Inconfidência com uma sala dedicada a ele, e em outras igrejas e espaços que também tem obras dele. Porém, essa mostra tem um caráter um pouco diferente, já que não vamos exibir fisicamente as obras do Aleijadinho e sim uma exposição imersiva, usando realidade aumentada e realidade virtual. Então é uma mostra com um caráter mais moderno e educativo. Será importante para uma maior aproximação com as escolas e com um público mais amplo, como as crianças e adolescentes”.

A mostra é realizada pelo Studio KwO XR, e conta com o patrocínio do Instituto Cultural Vale através da Lei de Incentivo à Cultura. A entrada é franca.

A história de Aleijadinho

Famoso por suas obras sacras, Antônio Francisco Lisboa, Aleijadinho criou um novo estilo de escultura e arquitetura brasileira. Pouco se sabe sobre a sua doença misteriosa, que começou depois dos 40 anos, quando ele já era um artista conhecido. Aleijadinho era negro e alforriado, filho de um português com uma mulher africana escravizada. O artista faleceu em 18 de novembro de 1814.