A medalhista de ouro Rafaela Silva deixou claro que é contra protestos políticos durante os Jogos Olímpicos do Rio e diz que espera que a torcida abra mão de levar cartazes com mensagens políticas aos locais de provas.
O COI e o Comitê Organizador da Olimpíada exigem arenas “limpas”, sem faixas ou cartazes políticos. A Justiça do Rio de Janeiro entrou com uma liminar que passou a autorizar as manifestações. Mas as entidades esportivas entraram com um recurso, que está tramitando.
Rafaela deixou claro que não vê espaço para protestos. “Isso pode atrapalhar. Não deveria ocorrer e é muito chato”, disse. “Esses protestos podem atrapalhar o atleta que se dedicou toda sua vida”, completou.
A medalhista também diz esperar que sua conquista “incentive” outros atletas e o próprio Brasil. “Espero que isso reforce o espírito olímpico. Por tudo o que o País vive, quero que a medalha seja um incentivo”, insistiu.
A judoca lembrou de sua infância na Cidade de Deus, no Rio. “Vivi um tempo complicado. Queria brincar, mas às 4 horas da tarde já tínhamos de estar em casa por conta de tiroteios. Vi bandido pulando o muro de nossa casa fugindo da polícia”, disse. “Não podia nem viver e nem brincar”, comentou.
“Meus pais queriam que eu ficasse o menor tempo possível fora das ruas. Nas ofertas que existiam havia futebol e essa era a minha opção. Mas só tinha para meninos. Então fui ao judô. Hoje, algumas das meninas e meninos que não seguiram essa opção engravidaram, estão no tráfico de drogas. Esse poderia ser meu futuro e de meu irmão. O judô mudou minha vida. Eu não tinha sonho”, disse.
Rafaela voltou a falar sobre como foi alvo de “críticas e agressões” em 2012, durante os Jogos de Londres, quando foi desclassificada pelos juízes após aplicar um golpe irregular. “Pensei em parar. O que sofri me machucou muito. Me diziam que lugar de macaco era de jaula. Mas recebi o apoio de Neymar e Gustavo Kuerten e hoje onde passo as pessoas gritam meu nome”, ressaltou.
Agora, ela pede apoio a Neymar. “Alguns atletas estão sofrendo. Neymar não joga sozinho. É uma equipe e eles dão nossas vidas”, completou a medalhista.