O contrato mais líquido do ouro fechou com ganhos nesta quarta-feira, em sessão marcada pelos comentários de dirigentes do Federal Reserve (Fed), especialmente as declarações de terça do presidente da autoridade monetária, Jerome Powell, sobre a inflação nos Estados Unidos. Depois que Powell amenizou a pressão nos preços, repetindo que o caráter é transitório, nesta quarta outros integrantes do conselho do Fed sugeriram que os efeitos da inflação podem ter uma duração maior.

Visto como um ativo seguro e refúgio em casos de alta inflacionária, as percepções no tema têm importante impacto nos preços do ouro.

Na Comex, divisão de metais da New York Mercantile Exchange (Nymex), o ouro com entrega prevista para agosto teve alta de 0,34%, a US$ 1.783,40 por onça-troy.

Na terça, Powell amenizou a cautela nas mesas de operações ao repetir que a alta da inflação é transitória, e descartou um “aumento de juros preventivo” para lidar com o avanço dos preços.

Sobre as falas, “os efeitos colaterais da queda dos preços da semana passada explicam por que o ouro não respondeu positivamente às observações de ontem”, aponta o Commerzbank. No entanto, “não pode haver dúvida” de que tal política monetária terá consequências de avanço para o ouro no longo prazo, “o que em nossa opinião aponta para um preço do ouro significativamente mais alto nos próximos anos”, projeta o banco alemão.

Ainda nesta quarta, o presidente da distrital de Atlanta do Fed, Raphael Bostic, endossou o argumento, mas ponderou que a tendência de inflação deve se estender por um período mais longo do que o previsto inicialmente, possivelmente por nove meses.

A diretora do Fed Michelle Bowman, por sua vez, advertiu que os fatores que elevam a inflação – notadamente gargalos na cadeia produtiva – podem “demorar algum tempo” para ser resolvidos.

Mais perto do fechamento do mercado, Bostic disse ainda que antecipou sua previsão para o início do ciclo de aperto monetário nos EUA. Ele agora prevê uma elevação da taxa básica de juros no fim de 2022 e outras duas em 2023.

O dirigente também afirmou que o Fed está perto de atingir os “requisitos” para o “tapering”, como é chamado o processo de redução das compras de ativos.