A possibilidade crescente de que a reforma da Previdência seja apreciada no plenário da Câmara antes do recesso parlamentar, que se inicia em 18 de julho, levou a uma nova rodada de redução dos juros futuros nesta segunda-feira, 8. A eventual aprovação da reforma com economia próxima a R$ 1 trilhão em 10 anos não apenas abre espaço para redução da taxa Selic já no encontro do Copom este mês (30 e 31) como afasta os temores de solvência fiscal em longo prazo, o que pode atrair recursos externos. O pregão foi de liquidez reduzida, já que nesta terça-feira não haverá negócios por conta do feriado da Revolução Constitucionalista de 1932 (9) em São Paulo.

As taxas dos contratos futuros de Depósito Interfinanceiro (DI) curtos, que já haviam recuado na sexta-feira, desceram mais um degrau, consolidando as apostas, embora ainda minoritárias, de que o BC possa iniciar o ciclo de afrouxamento monetário com uma redução de 0,50 ponto, de 6,50% para 6% ao ano. A taxa do DI janeiro 2020 encerrou o pregão a 5,795%, ante 5,83% no ajuste de sexta-feira. Entre os intermediários, DI para janeiro de 2021 desceu de 5,668% para 5,63%.

Já as taxas longas também recuaram, devolvendo os prêmios acumulados na sexta-feira, quando houve um ajuste de alta induzido pelo ambiente externo, após dados de emprego dos EUA diminuírem as apostas em corte mais agudo dos juros pelo Federal Reserve (Fed, o banco central americano). O DI para janeiro de 2023 fechou a 6,40%, ante 6,48% na sexta-feira, enquanto DI para janeiro de 2025 encerrou a 6,94%, ante 7,03% no pregão anterior.

O otimismo com a Previdência cresceu após a aprovação na comissão especial da Câmara na semana passada, dentro do calendário estimado. À ofensiva do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), no fim de semana somaram-se nesta segunda declarações otimistas de ministros e de líderes partidários. Pela manhã, o ministro chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, disse que já há cerca de 330 votos, ou até mais, na Câmara, e que o governo “está com o pé no chão.” Onyx e dois outros ministros de Bolsonaro – Tereza Cristina (Agricultura) e Marcelo Álvaro (Turismo) – vão reassumir temporariamente o mandato de deputado federal para votar pela Previdência. À tarde, a líder do governo no Congresso, deputada Joice Hasselmann (PSL-SP), afirmou que a reforma será aprovada em dois turnos na Câmara até sexta-feira (12) e que o governo já conta com pouco mais de 340 votos.

Segundo o gestor de recursos Paulo Petrassi, o otimismo em torno da aprovação da reforma da Previdência na Câmara antes do recesso parlamentar, que se inicia em 18 de julho, deu o tom dos negócios nos mercados domésticos nesta segunda-feira. “Com a possibilidade de a Previdência passar, a curva toda tende a fechar mesmo. E ainda há prêmios para serem cortados, principalmente nos DIs longos”, afirma Petrassi, ressaltando que o pregão foi morno por conta da véspera de feriado.

Além da fraqueza da atividade, o dólar segue em trajetória descendente e pode cair até o piso de R$ 3,70 em caso de aprovação da reforma. Mais um ponto que afasta qualquer pressão inflacionária no horizonte relevante para a política monetária.

Assine nossa newsletter:

Inscreva-se nas nossas newsletters e receba as principais notícias do dia em seu e-mail

A mediana das projeções colhidas pelo Boletim Focus divulgado nesta segunda-feira é de Selic a 5,50% no fim deste ano. Já a projeção para o IPCA é de 3,80%, abaixo do centro da meta de inflação (4,25%). Para 2020, a expectativa é de IPCA de 3,91%, também abaixo da meta (4%). Do lado da atividade, o Focus trouxe uma redução da estimativa para alta do PIB neste ano, de 0,85% para 0,80%.

Pela manhã, a FGV informou que o IGP-DI variou 0,63% em junho, abaixo da mediana (077%) e do piso (0,65%) das estimativas colhidas pelo Projeções Broadcast. Na quarta-feira, será conhecido o IPCA de junho, que deve corroborar o quadro de inflação comportada e reforçar as apostas em corte de juros.


Siga a IstoÉ no Google News e receba alertas sobre as principais notícias