A Otan oferece a maior garantia de segurança para a Ucrânia, afirmou nesta quinta-feira (27) à AFP a chefe da diplomacia da União Europeia (UE), Kaja Kallas, contradizendo o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Kaja ressaltou em Washington que os europeus não poderão contribuir para um possível acordo sobre a Ucrânia se não forem convidados a participar das negociações, no momento em que Trump negocia diretamente com o presidente russo, Vladimir Putin.
“Por que estamos na Otan? Porque temos medo da Rússia. A única coisa que realmente funciona, a única garantia de segurança que funciona, é o guarda-chuva da Otan”, afirmou Kaja.
Trump descartou uma entrada da Ucrânia na Otan, à qual Moscou se opõe, e é vago sobre as garantias de segurança que o governo americano estaria disposto a oferecer em caso de cessar-fogo. Também sugeriu que a Otan teria sido “a razão pela qual isso tudo começou”.
“Essa acusação é totalmente falsa. Essa é a narrativa russa na qual não devemos acreditar”, criticou Kaja. “Por que deveríamos dar à Rússia o que ela quer, além do que já fez atacando a Ucrânia e anexando e ocupando territórios?”
“Imaginem se os Estados Unidos, depois do 11 de Setembro, tivessem se sentado à mesa com Osama bin Laden e dito: ‘Está bem, o que mais você quer?’ É impensável”, disse a europeia.
Kaja faz uma visita aos Estados Unidos, mas não se reuniu com o colega Marco Rubio, devido, oficialmente, a questões de agenda. Mas sabe-se que as relações transatlânticas passam por um momento de turbulência.
Trump vem atacando seus aliados europeus na Otan, que acusa de não assumirem sua parte nos gastos. O presidente americano se nega a oferecer garantias de segurança à Ucrânia e defende que os europeus o façam. Kaja insiste em que os europeus têm que participar de qualquer acordo sobre a Ucrânia.
Composta por 27 países, a UE foi criada há 30 anos, como parte dos esforços para evitar novos conflitos armados após as duas guerras mundiais que devastaram o continente.
Kaja ressaltou os valores transatlânticos comuns. Sobre os cortes orçamentários americanos na ajuda ao desenvolvimento, ela disse que a Europa “não poderá preencher a lacuna deixada pelos Estados Unidos”.
“Acho que também precisamos aumentar o nosso poder geopolítico. Se os Estados Unidos olham para o interior, a Europa olha para o exterior”, concluiu a chefe diplomática.
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