A Otan anunciou hoje que o número de soldados em alto nível de prontidão no Leste Europeu e nas fronteiras com a Rússia irá saltar de 40 mil para 300 mil nos próximos meses. O reforço representa uma nova etapa na Guerra da Ucrânia e reflete o aumento da tensão na região. O secretário geral da organização, Jens Stoltenberg, informou que se trata da maior revisão de defesa e dissuasão coletiva desde a Guerra Fria e também em um reforço no apoio à Ucrânia agora e no futuro. Embora não esteja em guerra, a Otan está claramente se preparando para ela com o aumento de suas forças de resposta rápida, totalmente prontas para combate. É um sinal claro de que a guerra pode extrapolar o território ucraniano e ganhar proporções globais. A medida indica que todas as partes envolvidas no conflito consideram que ele deve persistir a médio e longo prazo e que os embates tendem a aumentar.

O novo posicionamento da Otan será definido em uma reunião da cúpula da Aliança Atlântica que acontece em Madri nesta semana. O documento que sairá do encontro reflete um consenso entre os 30 países que fazem parte da organização e deixará claro que a Rússia é atualmente “a ameaça mais significativa e direta à segurança dos países aliados”. Segundo Stoltenberg, a cúpula da Otan será “transformadora, com muitas decisões importantes, incluindo um novo conceito estratégico para uma nova realidade de segurança”. Em entrevista concedida hoje, Stoltenberg disse também que pela primeira vez será estabelecida uma visão da Otan sobre a China como uma desafiante. “Espero que o documento aborde os desafios que Pequim representa para nossa segurança, interesses e valores”, disse Stoltenberg.

Ontem, forças russas bombardearam um shopping center na capital da Ucrânia, Kiev, causando a morte de dez pessoas e deixando outras 40 feridas. Ofensivas como essa contra a população civil acirram os ânimos e tornam a possibilidade de ampliação da guerra cada vez mais real. Em relação ao Ocidente, o inimigo russo já se compara hoje ao que era nos tempos da Guerra Fria e o reforço das forças militares em torno da Ucrânia mostra que, aos poucos, o mundo vai se armando para um conflito bélico total. O que parece claro é que a guerra na Ucrânia mal está começando.