O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, não chamou o deputado Osmar Terra (MDB-RS) de “Osmar Trevas” em um grupo de WhatsApp do DEM por acaso. Ele tem certeza que o ex-ministro da Cidadania quer seu cargo no Ministério da Saúde já há algum tempo. Em dezembro, quando Terra ainda era ministro da Cidadania, ele sentiu que Bolsonaro estava disposto a tirá-lo de lá, porque o seu desempenho à frente do ministério não era bom e deu início à tentativa de puxar o tapete de Mandetta. Afinal, ele também é médico e queria a pasta da Saúde. Quando Mandetta defendeu o uso da maconha medicinal, Terra se posicionou contra e fez campanha contra a posição do colega da Saúde. Não deu certo. Mandetta ficou e ele dançou. Mas não se conforma por ter ficado de fora do Ministério.

Rasteira

No processo de fritura de Mandetta agora, Terra faz a “cabeça” de Bolsonaro para assumir a pasta. Tem participado das reuniões do presidente na defesa do isolamento vertical e com os médicos que defendem a cloroquina, como Nise Yamagushi, pelas costas do ministro, sabendo que ele é contra aplicar o remédio sem comprovação científica.

Cultura

O deputado Alexandre Frota diz que Terra “trai as pessoas”. Lembra que quando era do PSL, e íntimo de Bolsonaro, convidou várias pessoas do setor cultural para a Secretaria de Cultura, com aval do presidente, e depois Terra demitiu 95% deles, apesar de terem deixado seus empregos para irem para o governo. “Terra é uma ratazana”, diz Frota.

Rápidas

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* Alexandre Frota venceu Eduardo Bolsonaro e sua turma na Câmara. Os bolsonaristas queriam encerrar na marra a CPMI das Fake News na quinta-feira, 2, enquanto Frota pedia sua prorrogação por 180 dias. A luta foi para manter as assinaturas de apoio à comissão.

* Ao final do dia, quando expirava o prazo, Frota conseguiu 209 assinaturas de deputados a favor da manutenção da CPMI (eram necessárias 171) e de 34 senadores (o mínimo era de 29). Os Bolsonaros perderam mais uma.

* O ministro Moro está em pé de guerra com os juízes que já mandaram soltar em torno de 30 mil presos por causa do coronavírus. Moro diz que até agora nenhum preso foi contaminado nas cadeias. Só há 113 casos suspeitos.

* O FMI tem US$ 1 trilhão para ajudar os países que tiverem dificuldades para sair da crise da Covid-19. Noventa nações já pediram ajuda. Ainda bem que o Brasil não precisa. Suas reservas cambiais são de US$ 357 bi.

A China dá o troco

Leo Martins/Istoé

O ex-embaixador do Brasil em Washington, Rubens Ricupero, diz que Bolsonaro “está colhendo o que plantou na China”. Os chineses estão cancelando contratos para fornecer equipamentos médicos contra a Covid-19 para o Brasil, enviando-os aos EUA. É uma clara represália à postura de ministros e principalmente do deputado Eduardo Bolsonaro, para quem o coronavírus foi fabricado pelo Partido Comunista da China.

Retrato falado

“As agências reguladoras são omissas, custam caro e não cumprem suas funções” (Crédito:Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

O presidente do STF, ministro Dias Toffoli, informou em teleconferência com investidores do BTG Pactual, na sexta-feira 3, que o tribunal já recebeu, em duas semanas, mais de 600 ações relacionadas ao coronavírus, com demandas jurídicas de vários setores, desde empresas aéreas até as do setor elétrico. A judicialização de casos que poderiam ser resolvidos pelas agências reguladoras só atrapalha. Lembra que a Suprema Corte dos EUA não julga mais do que 120 processos por ano.

Igualdade

A Covid-19 poderá deixar em pé de igualdade pobres e ricos. É que ambos poderão ter dificuldades para encontrar vagas nos hospitais para o tratamento. A partir das duas próximas semanas, quando os infectologistas dizem que atingiremos o pico da pandemia, a falta de leitos será grande. Afinal, o Brasil tem 55.110 leitos de UTI, dos quais 27.445 no SUS (pobres) e o restante nos hospitais privados, onde só os ricos têm acesso. Mas as associações dos hospitais afirmam que 78% desses leitos já estão ocupados. Associações de médicos estimam que em torno de cem mil pessoas precisarão de UTIs. Muitos, portanto, terão que ser atendidos em hospitais de campanha.

Corredor


Os hospitais já estão prevendo que precisarão trabalhar até com 150% da capacidade. Ou seja, muita gente terá que ser atendida de forma precária, como corredores ou macas, algo já visto em outros países, como Itália e Espanha. O pobre já está acostumado a isso, mas para os ricos será uma experiência única.

Toma lá dá cá

Deputado Léo Moraes, líder do Podemos (Crédito:Divulgação)

O governo toma as medidas adequadas para enfrentar a pandemia?
As respostas poderiam ser mais ágeis e eficientes, já que Congresso e Judiciário têm dado todo respaldo, autorizando, inclusive, o descumprimento de leis para que se possa enfrentar a Covid-19.

O que o governo precisa fazer?
Deve injetar um percentual maior do PIB para proteger a população, trabalhadores, comerciantes e empresários.

Como Bolsonaro tem se portado no combate ao vírus?
Tem demorado a tomar decisões, como no caso do fechamento de aeroportos, que nós, do Podemos, tivemos que pedir ao Judiciário. Na falta da liderança de Bolsonaro, os governadores e o ministro Mandetta têm adotado medidas que estão dando certo em outros países.

A retomada

José Cruz/Agência Brasil

Mesmo consciente de que a prioridade é a saúde neste momento — acaba de ampliar a quarentena até o próximo dia 22 —, o governador de São Paulo, João Doria, escalou seu secretário de Fazenda, Henrique Meirelles, para elaborar um projeto de recuperação da economia paulista, tão logo o pico da pandemia comece a ceder.

Deloitte

Assim, o governo paulista contratou a empresa de consultoria Deloitte para ajudar na elaboração desse plano. Meirelles estima que a Covid-19 pode provocar uma recessão no PIB brasileiro de 3% este ano e que São Paulo precisa reduzir danos. Em 2019, o Brasil cresceu 1,1% e São Paulo, 2,75%. Ele quer repetir a dose, com o estado sofrendo menos.

O fundão continua firme e forte


O deputado Marcel van Hatten (Novo-RS) denuncia que a mesa diretora da Câmara impediu que ele apresentasse emenda destinando à Covid-19 todos os R$ 3 bilhões que serão usados pelos partidos na campanha eleitoral deste ano (R$ 2 bi do fundão e R$ 1 bi destinado ao fundo partidário). A mamata continua.


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