“Oppenheimer”, de Christopher Nolan, se consagrou ao vencer o Oscar de Melhor Filme neste domingo e dominou a 96ª premiação da Academia em Hollywood ao levar sete estatuetas.

O indiscutível favorito da noite, com as atribulações do pai da bomba atômica e que conquistou a temporada de premiações, chegou com 13 indicações.

“Acho que todos nós que fazemos filmes sabemos que metade sonha com este momento”, disse Emma Thomas, produtora do filme e esposa de Nolan, ao receber a estatueta de Melhor Filme.

“Há muito tempo que sonhava com este momento, mas parecia tão improvável que isso acontecesse. E agora que estou aqui e tudo se apagou em minha cabeça”, acrescentou.

Antes, Nolan, que se consagrou com a Melhor Direção, comemorou a vitória com um discurso humilde.

“Não sabemos para onde vai essa jornada incrível (do cinema). Mas saber que acreditam que sou uma parte importante significa muito para mim”, disse ele.

O filme, que conquistou crítica e público, venceu também as cobiçadas categorias de Melhor Ator, para Cillian Murphy, e Melhor Ator Coadjuvante, para Robert Downey Jr.

Enquanto Murphy dedicava seu prêmio “aos pacificadores”, Downey, com uma carreira marcada por altos e baixos, arrancou risadas ao agradecer à sua “infância terrível e à Academia, nessa ordem”.

– Pobres (vencedoras) criaturas –

“Barbie”, a outra metade do fenômeno “Barbenheimer” que arrecadou em conjunto 2,4 bilhões de dólares (11,93 bilhões de reais na cotação atual) em bilheterias em todo o mundo, coloriu de rosa o Teatro Dolby de Hollywood, levou uma estatueta.

Composta por Billie Eilish e Finneas, “What Was I Made For?”, parte da bem-sucedida trilha sonora da sátira feminista de Greta Gerwig, venceu a Melhor Canção Original, conferindo um segundo Oscar aos irmãos.

Na categoria também competia “I’m Just Ken”, que contagiou o público ao ser interpretada por Ryan Gosling, vestindo um traje pink ao lado do guitarrista Slash e acompanhado por seus colegas Ken de “Barbie”: Simu Liu, Ncuti Gatwa e Kingsley Ben Adir.

Jimmy Kimmel, o anfitrião da 96ª premiação da Academia, iniciou sua apresentação com um monólogo dedicado a “Barbie”.

“Ryan (Gosling) e Margot, quero que saibam que se não ganharem um Oscar esta noite, já ganharam algo mais importante: a loteria genética”, brincou.

Por outro lado, “Pobres criaturas”, do diretor grego Yorgos Lanthimos, foi outro grande vencedor da noite com quatro estatuetas, incluindo Melhor Figurino, Melhor Maquiagem e Penteado e Direção de Arte.

Emma Stone, que interpreta a singular protagonista Bella Baxter, venceu o Oscar de Melhor Atriz, o segundo de sua carreira, derrotando Lily Gladstone, outra grande favorita da noite por sua participação “Assassinos da Lua das Flores”.

O drama de Martin Scorsese sobre os assassinatos de indígenas durante a bonança petroleira em Oklahoma dos anos 1920 ficou de mãos vazias, enquanto “Os Rejeitados”, de Alexander Payne, venceu Melhor Atriz Coadjuvante, que, sem surpresas, foi para Da’Vine Joy Randolph.

– Momento político –

A britânica “Zona de Interesse”, drama sobre o Holocausto de Jonathan Glazer, venceu como Melhor Filme Internacional, deixando no caminho “A Sociedade da Neve”, do espanhol J.A. Bayona, que aborda os 72 dias vividos por jovens da equipe uruguaia de rugby nos Andes em 1972 quando seu avião caiu e foram dados como mortos.

“Nosso filme mostra que a desumanização leva ao pior”, disse Glazer ao receber a estatueta das mãos do cantor porto-riquenho Bad Bunny e o ator Dwayne Johnson.

“Molda nosso passado e nosso presente”, acrescentou em um discurso que fez uma direta referência à guerra em Gaza, marcando um tom político na festa de Hollywood, onde mais cedo houve pequenos protestos a favor da causa palestina.

O filme também venceu o prêmio de Melhor Som.

Outro momento de peso foi a vitória de “20 dias em Mariupol”, na categoria Melhor Documentário, que lançou luz sobre o conflito na Ucrânia que passa de dois anos.

“Este é o primeiro Oscar na história da Ucrânia e me sinto honrado”, disse seu diretor Mstyslav Chernov. “Mas provavelmente serei o primeiro diretor neste cenário a dizer que preferia nunca ter feito esse filme. Gostaria de mudar isso para que a Rússia nunca tivesse atacado a Ucrânia, nunca tivesse ocupado nossas cidades”.

O filme de tribunal francês “Anatomia de uma Queda”, que lançou ao estrelato mundial sua roteirista e diretora Justine Triet, venceu o Melhor Roteiro Original, mas Messi, seu protagonista cão, roubou o coração do público.

Foi o peludo que encerrou a transmissão da gala do cinema urinando na estrela de Matt Damon na Calçada da Fama em Hollywood.

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