Oscar Isaac estava cansado. Ser um dos atores mais requisitados do mundo tem essa leve desvantagem. Ele tinha emendado anos da saga Star Wars com Duna com o pequeno The Card Counter, dirigido por Paul Schrader. Então, quando a Marvel lhe veio oferecendo uma série sobre o Cavaleiro da Lua, seu instinto inicial foi recusar – até porque ele já tinha feito seu longa baseado nos quadrinhos, X-Men: Apocalipse (2016). “Não estava morrendo de vontade de fazer algo sobre um super-herói”, disse o ator de 43 anos, em entrevista ao Estadão, por videoconferência. “Fora que eu nunca tinha ouvido falar do Cavaleiro da Lua, não tinha nenhuma referência.”

Mas daí ele foi entender do que se tratava. E acabou aceitando fazer Cavaleiro da Lua, série em seis episódios que estreia nesta quarta-feira, 30, no Disney+, com Jeremy Slater como roteirista-chefe e baseada no personagem criado em 1975. Steven Grant é o pacato e atrapalhado balconista da loja de suvenires de um museu em Londres. À noite, ele sonha com lugares inexplorados e figuras assustadoras. De dia, vê-se conversando consigo mesmo – ou pelo menos com alguém que é idêntico a ele. Assim, descobre sofrer de transtorno dissociativo de personalidade.

O cara do espelho é Marc Spector, um mercenário morto aos pés da estátua de Khonshu, o deus da lua e da vingança, que oferece ressuscitá-lo desde que ele se torne seu avatar na Terra, dotado de superpoderes. Só que Marc divide seu corpo com o pobre Steven. “Para mim foi empolgante criar um personagem incomum que eu não tinha interpretado antes”, contou Isaac. “E ainda falar de um tema bastante interessante e emocionante, que é sobreviver ao abuso e ao trauma e como a mente pode se fraturar, criando essas personalidades diferentes para lidar com isso.”

PESQUISA

Isaac pesquisou bastante sobre o transtorno dissociativo de personalidade. “É interessante porque as pessoas que sofrem disso costumam usar linguagem da fantasia, porque isso normalmente tem origem em suas infâncias”, explicou o ator. Para fazer os papéis em que contracena consigo mesmo, ele contou com a ajuda de seu irmão, Michael Hernandez. “Ele foi perfeito para contracenar e conversar comigo nos intervalos de cenas, era como se fosse outra parte de mim lá.”

Além de tudo, era uma chance de falar de divindades e mitologia egípcias, algo que não se vê sempre. Steven é fascinado por esses assuntos. Marc tem um relacionamento complicado com a arqueóloga egípcia Layla El-Faouly (May Calamawy). E o antagonista, Arthur Harrow (Ethan Hawke), é seguidor da deusa Ammit, pregando que é melhor cortar o mal pela raiz, ou seja, livrar-se do mal antes de ele proliferar. O diretor Mohamed Diab (Clash, Cairo 678), que dirige quatro dos episódios – os outros dois são comandados por Justin Benson e Aaron Moorhead -, fez questão de que a cultura fosse representada de maneira correta.

O filme, porém, foi rodado em Budapeste, passando por Londres, e na Jordânia, no lugar do Egito. Curiosamente, Cavaleiro da Lua levou Oscar Isaac de volta ao Deserto de Wadi Rum, onde ele tinha rodado Duna e Star Wars.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.