Assim como acontece com os super-heróis na indústria cinematográfica, o mercado das histórias em quadrinhos é um gigante que movimenta bilhões de dólares em todo o mundo. Após ter faturado US$ 9,2 billhões em 2021, a previsão é de que, até 2028, esse setor ultrapasse os US$ 12 bilhões. No Brasil não é diferente: a feira Comic-Con Experience (CCXP), em São Paulo, um dos maiores eventos do estilo no mundo, espera mais de 300 mil pessoas na sua próxima edição, em dezembro.

Como todo grande universo criativo, a indústria dos HQs também tem um prêmio para valorizar seus artistas mais relevantes. É o Eisner, batizado em homenagem ao pioneiro Will Eisner, criador do personagem Spirit e autor de obras como Um Contrato com Deus e Nova York. Na última cerimônia dessa premiação, que é considerada o “Oscar dos quadrinhos”, dois brasileiros venceram em categorias distintas: o paulistano Fido Nesti ganhou pela adaptação de 1984, distopia de George Orwell, e o paraibano Mike Deodato levou a estatueta pela melhor série de humor, com Nem Todo Robô, ilustrada por ele e com texto do norte-americano Mark Russell. Artista gráfico há mais de três décadas, Nesti ficou conhecido no exterior por sua elogiada versão de Os Lusíadas, de Camões. Deodato, por sua vez, fez carreira desenhando super-heróis para a Marvel, nos EUA.

FICÇÃO CIENTÍFICA Nem Todo Robô, do paraibano Mike Deodato: carreira marcada pelos super-heróis da Marvel (Crédito:Divulgação)


Não foi a primeira vez que o Brasil foi recompensado no Eisner Awards. Em 2018, Marcelo D’Salete foi agraciado por Cumbe, HQ inspirada pela saga do Quilombo dos Palmares. As grandes estrelas brasileiras do gênero, porém, são Fábio Moon e Gabriel Bá. Em 2008, ganharam o Eisner pelo livro 5; em 2011, venceram novamente com Daytripper. A adaptação de Dois Irmãos, do escritor Milton Hatoum, também deu sorte aos gêmeos – a obra foi vitoriosa em 2015.