Independentemente do resultado da votação em segundo turno da PEC dos Precatórios, o governo e Arthur Lira comemoraram a aprovação dessa excrescência em primeiro turno na semana passada, mostrando que a compra de votos esteve a todo vapor no Congresso. Foi liberado R$ 1,2 bilhão do orçamento secreto na véspera da votação na madrugada do dia 4: cada um dos deputados que votou a favor (312) recebeu em torno de R$ 30 milhões. E aí surgiram os que traíram a decisão partidária de fazer oposição a Bolsonaro. Aécio Neves foi um dos 22 deputados do PSDB que ficaram ao lado do capitão; Júlio Delgado foi outro dos 10 integrantes da bancada do PSB que votaram a favor; e André Figueiredo, do PDT do Ceará, foi um dos 15 pedetistas que deram uma rasteira no presidenciável Ciro Gomes.

Tucanos

O PSDB foi o que mais contribuiu para a vitória do governo. Além de Aécio, outros líderes tucanos votaram a favor, como Lucas Redecker, presidente do PSDB gaúcho e apoiador de Leite nas prévias. Todos os deputados mineiros ligados a Aécio votaram com Bolsonaro. Já os deputados do PSDB de São Paulo, que apoiam Doria nas prévias, votaram contra.

Ciro

O PDT também teve uma participação importante, já que dos 21 parlamentares apenas seis votaram contra o governo. Sem os votos pedetistas, a PEC dos Precatórios sairia derrotada ainda no primeiro turno. Ciro Gomes se sentiu traído. Por sorte, o Supremo acabou com as emendas do relator e vai frear a barganha no Congresso.

O medo de Lula

Gabriela Biló

O ex-presidente Lula está com medo de sair às ruas. Não tem feito eventos públicos por razões de segurança pessoal. Disse a um prefeito paulista, de quem é muito próximo, que teme ser alvo de bolsonaristas, que são estimulados pelo presidente Jair Bolsonaro a andarem armados, O líder petista receia que algum militante ou até miliciano ligado ao mandatário possa cometer algum atentado contra ele.

Retrato falado

“Posso fazer mais pelo País fora do Ministério Público” (Crédito:FÁBIO MOTTA)

O procurador da República de Curitiba, Deltan Dallagnol, vai se juntar a Sergio Moro no Podemos e deve disputar um cargo na eleição de 2022. Ele anunciou que vai deixar o Ministério Público e abrir mão de um salário de R$ 33,7 mil para participar da disputa eleitoral, possivelmente como candidato a deputado federal. Em 2018, ele chegou a pensar em disputar o Senado, mas, desta vez, o ingresso do ex-juiz da Lava Jato na política o estimula a tentar uma cadeira no Congresso.

A caminho da recessão

A indústria, que sempre foi um dos setores que puxou a economia brasileira para cima, agora está no caminho inverso, com quedas atrás de quedas, o que significa que estamos a passos largos no rumo da recessão no ano que vem. Em setembro, a produção da indústria caiu 0,4% em relação a agosto, o que significa uma perda de 2,6% nos últimos quatro meses, segundo dados do IBGE. É uma queda pelo quarto mês consecutivo. Nos nove meses do ano, a indústria só cresceu em dois deles (janeiro e maio). O desempenho negativo se deve à baixa produção por causa da pandemia e da falta de matérias-primas por conta da escassez de peças, sobretudo para a indústria automobilística.

PIB baixo

Esse baixo desempenho industrial contribuirá para a queda da economia não somente neste ano, mas também no ano que vem. Neste terceiro trimestre, o PIB deve crescer 0,2%, mas, mesmo assim, fecharemos com alta de 4,8%. O problema será para 2022, quando a previsão é de recessão, com retração de até 1%.

O ABC tucano

A região do ABC, conhecida como a terra do PT, há seis anos é dominada pelos tucanos e tem o prefeito de São Bernardo do Campo, Orlando Morando, como a principal liderança. Reeleito em 2020 com 70% dos votos, ele comanda o apoio a Doria na região Centro-Oeste, onde o governador paulista desponta com grande vantagem. O prefeito tem atraído para o governador também a grande maioria dos prefeitos tucanos paulistas: sua gestão é a maior de todas as administrações municipais do PSDB.

Eduardo Anizelli

Economia forte

Orlando, que também administra o maior orçamento municipal brasileiro atrás apenas da capital paulista, acaba de editar decreto suspendendo as restrições às atividades econômicas e sociais por conta da pandemia: a decisão está baseada no avanço da imunização e na queda na taxa de internações por Covid. Até as igrejas voltarão a funcionar.

O dilema de Mandetta

Enquanto não decide se todos os 11 pré-candidatos do centro se unem em torno de uma candidatura única, o ex-ministro Mandetta pensa no plano B. Ele já avalia a possibilidade de disputar uma cadeira no Senado pelo Mato Grosso do Sul pelo União Brasil (fusão do DEM com o PSL). Nesse caso, enfrentaria Tereza Cristina (ministra da Agricultura), que pode ir para o PP.

Toma lá dá cá

Divulgação

A candidatura de Rodrigo Pacheco a presidente pode dividir a terceira via?
É positivo que o Rodrigo tenha aceitado ser nosso candidato. Ele é bem preparado, mostra espírito público, capacidade para enfrentar desafios e solucionar conflitos.

O senhor escolheu Roberto Rodrigues para coordenar a campanha de Pacheco?
Ele aceitou nosso convite para coordenar a campanha do Rodrigo em eventual plano de governo para o agronegócio. Ele é um dos maiores especialistas em políticas agrícolas do mundo.

Datena ingressou no PSD para ser candidato ao Senado?
Tornar-se senador é um dos seus sonhos. Poderá fiscalizar o País por conta de tudo o que ele aprendeu como um dos principais comunicadores do Brasil

Rápidas

* Bolsonaro não tem limites. Acaba de conceder a ele mesmo a medalha da Ordem Nacional do Mérito Científico por sua relevante contribuição à ciência. Após ter sido indiciado na CPI por indicar remédios ineficazes contra a Covid, essa medalha é um escárnio.

* Depois de trocar o nome do secretário do clima dos EUA John Kerry pelo do humorista Jim Carrey, Bolsonaro virou motivo de piada na TV americana. Por aqui, não é diferente. Ninguém mais leva Bolsonaro a sério.

* O PT quer alguém do PSB para vice de Lula, como Flávio Dino (MA) ou Paulo Câmara (PE). Se o acordo vingar, o PT apoia o socialista Geraldo Julio para o governo de Pernambuco e dá uma rasteira outra vez em Marília Arraes.

* Por outro lado, o PSB quer apoio do PT no Rio de Janeiro (Marcelo Freixo) e para a “geringonça” que estão montando em São Paulo em torno de Alckmin e que pode unir ainda socialistas e petistas no mesmo barco.