A trama parece simples: casal se conhece, apaixona-se, mas termina separado graças à incompatibilidade profissional. Esse poderia ser um resumo da trama do musical Os Últimos 5 Anos, não fosse a habilidade de seu criador, Jason Robert Brown, ao contar a mesma história em dois tempos simultaneamente: enquanto o rapaz, Jamie, descreve a relação do começo ao fim no sentido cronológico, a moça, Cathy, narra os mesmos acontecimentos, mas no sentido oposto, do fim para o começo.

Trata-se de uma artimanha dramatúrgica que, em mãos impróprias, resultaria num fiasco. Não é o que acontece com a montagem que estará em cartaz no Teatro Viradalata (Rua Apinajés, 1387) somente mais dois dias: hoje, às 21h30, e amanhã, às 21h. Projeto pessoal dos atores Beto Sargentelli e Eline Porto, a produção capricha na sensibilidade para logo estabelecer o espectador na trama. Ou seja, em poucos minutos, é possível observar a tristeza de Cathy, marcando o fim do relacionamento, em contraste com a alegria desmedida de Jamie ao conhecer a moça.

Para isso, ganha destaque a postura cênica de cada um, pois é por meio dos pequenos gestos corporais que alegria e tristeza assumem o palco.

Parece um detalhe óbvio, mas a direção de João Fonseca impede o excesso que, se ajudaria o espectador, causaria também um ruído desnecessário.

Para isso, ele conta com dois intérpretes em estado de graça. Eline Porto tem a missão mais difícil ao iniciar o espetáculo contando a relação pelo final. Sua voz cristalina, seu olhar ora apaixonado, ora desesperançoso, tudo faz com o público se torne seu cúmplice. E Beto Sargentelli vive a glória de um artista que atinge sua plenitude – na comédia e no drama, sua interpretação e sua amplitude vocal simplesmente impressionam.

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