Dois dias antes de morrer em Teresópolis, o ex-ministro Gustavo Bebianno combinou com o editor desta coluna que concederia uma longa entrevista nesta semana para falar de sua trajetória e da proximidade com Bolsonaro.

Ele estava disposto a mostrar documentos de alguns atos desabonadores cometidos pelo atual presidente durante a campanha de 2018. Bebianno sabia de tudo, como os acertos no pleito, inclusive financeiros.

Desde que foi demitido de forma humilhante logo no início do governo, com a participação de Carluxo, o filho do meio do presidente, Bebianno ameaçava revelar o que sabia. “Você vem ao Rio e vou lhe contar tudo”, prometeu Bebianno na sexta-feira 13.

Parte das revelações estariam em um livro que preparava. Na obra, usaria material guardado no exterior com amigos, cujos nomes nunca declinou, nem para a mulher Renata. Queria causar impacto para deslanchar sua candidatura a prefeito do Rio. Não deu tempo: morreu de infarto na madrugada de sábado.

Troca de bastão

Com a morte do ex-ministro Gustavo Bebianno, o PSDB decidiu lançar o nome do empresário e advogado Paulo Marinho como candidato a prefeito do Rio de Janeiro pelo partido. Paulo Marinho, que é o presidente estadual do PSDB fluminense, era o maior amigo de Bebianno. A decisão foi tomada com o aval do governador de São Paulo, João Doria, principal liderança tucana.

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Flávio Bolsonaro

Marinho foi um dos articuladores da campanha de Bolsonaro. Toda a propaganda do então candidato do PSL foi gravada em sua casa. Ele é o primeiro suplente do senador Flávio Bolsonaro, filho do presidente. Quando demitiu Bebianno, Bolsonaro alegou que o então ministro da Secretaria-Geral queria que o filho fosse preso para Marinho assumir o Senado.


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