Graças à evolução de próteses biomecânicas,as barreiras entre o esporte olímpico e o paralímpico têm sido superadas de forma surpreendente nos últimos anos. A atual tecnologia para impulsionar atletas com deficiência permite que alcancem marcas que rivalizam e até ultrapassam marcas obtidas pela elite do atletismo. O alemão Markus Rehm é um exemplo. Com uma perna amputada abaixo do joelho direito, ele quebrou o recorde mundial de salto em distância no Mundial de Atletismo Paralímpico de 2015, no Catar. Com a marca de 8,40m, seu salto poderia ter conquistado a teria medalha de ouro nas três últimas olimpíadas. Ele tentou competir nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, em 2016, mas a Federação Internacional de Atletismo (IAAF) não autorizou.

A negativa foi baseada em estudos científicos, segundo os quais o impulso de um atleta com prótese é mais potente. “Há uma grande discussão sobre essa possibilidade, mas não há consenso”, afirma o coordenador técnico do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), Ciro Winckler. “Creio que as próteses favorecem mais no salto. Na corrida há fases de vantagens e desvantagens”.

Biamputado abaixo do joelho, o paraense Alan Fonteles começou no atletismo aos oito anos, usando próteses de madeira. No Mundial Paralímpico de Atletismo de Londres, em 2012, aos 20 anos, ele se tornou recordista mundial nos 200m, com o tempo de 21s45. Na emocionante prova, ele superou a marca de 21s52 do sul-africano Oscar Pistorius, primeiro medalhista paralímpico da história a competir de maneira simultânea com atletas não deficientes.

Alguns desafios para a adaptação dos paratletas às próteses são o encaixe e a aderência durante os movimentos de alto impacto. Esses fatores foram solucionados com a utilização de plásticos específicos, que proporcionam ajuste adequado ao membro amputado e, consequentemente, maior conforto e melhor desempenho aos competidores.