O presidente Jair Bolsonaro e o ex-presidente Lula continuam polarizando a disputa eleitoral de olho em 2022, mas as recentes pesquisas de intenções de votos mostram que os dois não são os cabos eleitorais mais decisivos nesta eleição municipal. Pelo contrário. São desprezados pelos eleitores. Ambos são os personagens mais rejeitados e se depender deles, os candidatos que contam com a simpatia desses líderes não se elegerão prefeitos ou vereadores neste ano. De acordo com o Datafolha, Bolsonaro e Lula têm rejeições que passam dos 50% nas principais capitais brasileiras e puxam para baixo os candidatos que contam com seu apoio. Essa aversão aos dois acontece em São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Recife, os quatro maiores colégios eleitorais brasileiros.

 

São Paulo

Na capital paulista, essa constatação é ainda mais clara. Bolsonaro é rejeitado por 63% dos eleitores e Celso Russomanno (Republicanos) perderá se insistir em se escorar no presidente. Já Lula, com uma rejeição de 54%, não conseguirá melhorar a situação de Jilmar Tatto, candidato do PT, que está com 1% das intenções de votos, entre os últimos.

 

Antipatia

Os que pensam em ter Bolsonaro e Lula em seus palanques no Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Recife também se darão mal. No Rio, Bolsonaro tem uma rejeição de 59% e Lula, 58%. No Recife, Lula é mal avaliado por 41% e, Bolsonaro, por 63%. Em Belo Horizonte é a mesma coisa. Bolsonaro é desprezado por 53% e Lula, por 57%. Campeões de antipatia.

 

Muda Senado

Simon Plestenjak/UOL/Folhapress

Enquanto o STF não decide se Davi Alcolumbre pode ou não ser candidato à reeleição para a presidência do Senado, vários senadores começam a pôr as maguinhas de fora para disputar a vaga em fevereiro. O Major Olímpio (PSL-SP) já lançou seu nome pelo grupo “Muda Senado”, que tem 21 dos 81 senadores. Pode dar trabalho e Bolsonaro odiará se ele for eleito, pois Olímpio é um dos seus atuais desafetos.

 

Retrato falado

“O Rio não resiste a mais um Crivella e outro Witzel” (Crédito:Wilton Junior/Estadão)

O candidato a prefeito do Rio, Eduardo Paes, disse que decidiu disputar a Prefeitura da cidade para evitar a crise de representação no Estado. “A administração de Crivella é uma tragédia.” Afirma não acreditar que o apoio de Bolsonaro ao atual prefeito terá grande efeito. “A eleição é para prefeito e não para presidente.” Garante que se for eleito trabalhará em parceria com Bolsonaro. “Eu não teria cometido a burrice que o Witzel cometeu de romper com ele.”

 

O fantasma voltou

Os mais velhos certamente se lembrarão do fantasma da inflação, especialmente nas décadas de 80 e 90. Chegamos a bater nos 80% ao mês, como aconteceu no governo de José Sarney. Um caos. Hoje, a inflação não tem o mesmo nível de preocupação, pois ainda estamos abaixo da meta, mas já está assustando alguns economistas. Com o teto de gastos sob ameaça, uma vez que o governo decidiu fazer obras acima do previsto no Orçamento, a inflação de setembro (IPCA) chegou a 0,64%, quase o triplo dos 0,24% de agosto, segundo o IBGE. Em 12 meses, a inflação já é superior ao que o Banco Central previa para 2020. O índice está em 3,14%, contra os 2,5% previstos para o ano todo.

 

Alimentos

O que mais subiu foram os alimentos. O óleo de soja subiu 27,54%, o arroz aumentou 17,98% e tomate, 11,72%. Tudo isso porque os produtores preferiram exportar por causa do dólar mais valorizado e consumidores brasileiros consumiram mais em razão da renda ter melhorado com o auxílio emergencial de R$ 600.

 

Pulmão afetado

Divulgação

O presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia, promete não deixar de usar máscara um minuto sequer, mesmo depois de ter sido contaminado pela Covid-19 no final de setembro e de já estar curado. Ele esteve gravemente enfermo nos últimos dias com o vírus, que chegou a tomar 20% de seus pulmões. Assustado, ele só voltou ao trabalho no último dia 8.

 

Vacina

Ele diz que vai continuar usando máscara até que surja a vacina contra o coronavírus. “Minha decisão de estar com a máscara tem a ver com o que eu passei e com o que milhares de brasileiros passaram”, disse Maia, que, ao contrário de Bolsonaro, respeita os médicos e a ciência. O Brasil chegou a 150 mil mortos e 5 milhões de infectados.

 

Livros sem impostos

Divulgação

O deputado Baleia Rossi está em campanha para evitar que a Reforma Tributária imponha aumento de impostos para os livros. Segundo ele, a imunidade tributária aos livros vem de 1946, por uma proposta do então deputado e escritor Jorge Amado. Afinal, o Brasil é um dos países com menor índice de leitura.

 

Toma lá dá cá

Arthur Virgilio, prefeito de Manaus

Alex Pazuello

O senhor, que contraiu Covid-19, achou que não fosse sobreviver?
Quando cheguei ao hospital em São Paulo apareceu uma interrogação na minha vida: eu vivo ou não vivo? Até que num belo dia o dr. David Uip disse que apostava seu diploma que eu sobreviveria.

Não era só uma gripezinha?
Eu não recomendo a ninguém brincar com essa doença. As pessoas às vezes caem na irresponsabilidade de ir a festas e levar a vida normal.

Qual sua expectativa para o futuro diante da Covid?
Ainda prevejo mais dois anos de problemas. Espero que a vacina venha logo. Mas a metade deste século será de endemias por causa dos produtos químicos no meio ambiente e o desmatamento de florestas, como as da Amazônia.

 

Rápidas

• O Banco Mundial estima que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro vai sofrer uma queda de 5,4% em 2020, o maior tombo da história. Em 2021, a economia se recupera e cresce 3%, mas em 2022 a alta será de apenas 2,5%. Um desempenho ruim da gestão Paulo Guedes.

• Bolsonaro tem mesmo síndrome de Pinóquio. Disse em live na sexta-feira, 9, que militou contra a guerrilha urbana nos anos 70, ajudando o Exército a combater Carlos Lamarca. Ele só tinha 15 anos e mal havia saído das fraldas.

• Carlos Bolsonaro garante ter devolvido os R$ 10 mil que seu pai, o presidente Bolsonaro, lhe doou, em espécie, para a campanha à reeleição como vereador no Rio de Janeiro.
A família adora manipular dinheiro vivo.

• Aviso aos navegantes. Quem comparecer às sessões eleitorais sem máscara no dia 15 de novembro não entrará para votar. Tem que levar também caneta para assinar a ata. E se desinfetar com álcool em gel. Novos tempos.