Os quase 700 dias de uma campanha eleitoral americana aloprada

Os quase 700 dias de uma campanha eleitoral americana aloprada

A maratônica campanha eleitoral americana de 2016 terá durado ao menos 26 meses, marcados por grandes surpresas e reviravoltas, que certamente a fará entrar para os anais da história.

A seguir, um resumo de seus principais momentos.

– 16 de dezembro de 2014

Um novo confronto Bush-Clinton: assim foi encarado pelos comentaristas políticos o anúncio de Jeb Bush, filho e irmão de ex-presidentes da mesma dinastia, de que se lançaria à corrida pela Casa Branca.

– 2 de março de 2015

Furo do New York Times: Hillary Clinton utilizou um servidor privado para enviar e-mails entre 2009 e 2013 quando era secretária de Estado. Sua equipe foi tomada de surpresa. “Nunca enviei mensagens sigilosas por correio eletrônico a ninguém”, assegura a ex-primeira-dama em uma coletiva de imprensa. A investigação acaba por desmenti-la.

– 12 de abril de 2015

“Sou candidata à presidência”, anuncia Hillary Clinton em um vídeo. Nessa época, Donald Trump sequer aparecia nas pesquisas. Um grande número de republicanos começa a lançar suas pré-candidaturas, entre eles Ted Cruz, Marco Rubio e Ben Carson. No total, são 17.

– 16 de junho de 2015

Na Torre Trump de Nova York, Donald Trump demonstra que não estava fanfarroneando e lança sua candidatura em uma coletiva de imprensa. Uma frase entrará para a história: “Quando o México envia sua gente, não está enviando os melhores. Estão enviando pessoas que têm muitos problemas, que trazem problemas para nós. Trazem drogas, trazem crimes. São estupradores. Alguns, acho, são gente boa”, afirmou o pré-candidato.

Uma primeira pesquisa o situa, em 14 de julho, na liderança das primárias republicanas. A onda populista começa a tomar conta do país.

– 7 de dezembro de 2015

Donald J. Trump exige a proibição total da entrada de muçulmanos nos Estados Unidos “até que os representantes de nosso país estejam em condições de explicar o que está acontecendo”. Chovem condenações de todo o mundo a esta declaração, mas a maioria dos republicanos aplaude.

– 1 de fevereiro de 2016

O “movimento” Trump não é um castelo de cartas. Seus seguidores o colocam em segundo lugar nas primárias de Iowa, primeiro nas de New Hampshire e na da Carolina do Sul.

– 20 de fevereiro de 2016

Jeb Bush se retira da disputa. Sua tentativa de eleição custou 152 milhões de dólares.

– 3 e 4 de maio de 2016

Os últimos adversários de Donald Trump, Ted Cruz e John Kasich, jogam a toalha. O próximo objetivo do magnata é Hillary Clinton. “Vejam o escândalo dos e-mails; nem sequer deveria ter direito a ser candidata”.

Um setor tradicional do Partido Republicano anuncia que “qualquer um menos Trump” e tenta organizar a resistência. “Uniremos o partido”, promete Donald Trump.

– 7 de junho de 2016

Com dificuldades, Hillary Clinton consegue a indicação democrata frente ao surpreendente Bernie Sanders, que desafiou todos os prognósticos com o apoio da esquerda e da juventude do Partido Democrata. “É a primeira vez na história de nosso país que uma mulher é designada candidata por um dos grandes partidos”, declara a ex-primeira-dama na tensa convenção partidária de Nova York.

– 5 de julho de 2016

Alívio entre os democratas! O FBI recomenda arquivar o caso dos e-mails de Hillary. Mas o diretor do organismo, James Comey, fala de uma “grande negligência” da ex-secretária de Estado.

– julho/agosto de 2016

Donald Trump é designado oficialmente candidato à presidência na convenção republicana de Cleveland dominada por gafes, enquanto que a convenção democrata da Filadélfia coloca Hillary na liderança das pesquisas de intenção de voto. Agosto é um mês negro para o magnata, que troca de equipe de campanha e afunda numa polêmica com os Kahn, pais de um soldado muçulmano americano que morreu em combate.

– 11 de setembro de 2016

Sob um sol muito forte, Hillary Clinton, desidratada, sofre um mal-estar em Nova York. Tropeça ao entrar no carro e se vê obrigada a anunciar que está com pneumonia.

– 26 de setembro de 2016

Poucas vezes na história dos Estados Unidos um debate entre candidatos causa tanto impacto. Ante 84 milhões de telespectadores, Donald Trump perde as estribeiras frente a uma Hillary Clinton calma, preparada e implacável. Ela ganha vantagem nas pesquisas.

– 7 de outubro de 2016

“Quando você é uma estrela, vão te deixar fazer. Você vai poder fazer o que quiser”: um vídeo de 2005 é divulgado e nele Donald Trump conta como assediava as mulheres sem seu consentimento. O escândalo não tem precedentes. Dezenas de republicanos abandonam seu candidato.

– 28 de outubro de 2016

Um presente caído do céu: a 11 dias das eleições, o diretor do FBI volta à questão dos e-mails de Hillary e anuncia ao Congresso que descobriu novas mensagens, que ainda deve analisar. “É o maior escândalo político desde Watergate”, argumenta Donald Trump, que encontrou o tema do final de sua campanha.