SÃO PAULO, 17 JAN (ANSA) – A vacinação da enfermeira Mônica Calazans, de 54 anos, representa um marco simbólico na luta do Brasil contra o novo coronavírus, mas o estado de São Paulo, patrocinador da Coronavac, e o governo federal já duelam a respeito do plano nacional de imunização.   

Em entrevista coletiva após a aprovação para uso emergencial da Coronavac e da vacina de Oxford pela Anvisa, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, disse que as 6 milhões de doses já em posse do Instituto Butantan pertencem “100%” ao governo federal e serão distribuídas proporcionalmente aos estados.   

De acordo com Pazuello, a repartição das vacinas deve começar às 7h desta segunda-feira (18), mas a campanha nacional está prevista para iniciar apenas às 10h de quarta (19), simultaneamente em todos os estados.   

“Poderíamos, num ato simbólico ou numa jogada de marketing, iniciar a primeira dose em uma pessoa, mas, em respeito a todos os governadores, prefeitos e todos os brasileiros, o Ministério da Saúde não fará isso”, disse Pazuello, em recado para o governador de São Paulo, João Doria, ex-aliado e hoje rival do presidente Jair Bolsonaro.   

Como a Índia ainda não liberou ao Brasil as 2 milhões de doses da vacina de Oxford produzidas pelo Instituto Serum, o governo federal precisa da Coronavac para iniciar o programa de imunização.   

De acordo com o Instituto Butantan, 4,6 milhões de doses serão entregues ainda neste domingo para o Ministério da Saúde, mas cerca de 1,4 milhão ficarão em São Paulo para a campanha de vacinação no estado.   

O governo paulista ainda enviará 50 mil doses diretamente ao Amazonas, que vive um colapso no sistema de saúde e sofre com a falta de oxigênio para pacientes da Covid-19 e de outras doenças, especialmente em Manaus.   

“Vamos mandar amanhã [18] pela manhã 50 mil doses da vacina para os médicos do Amazonas, pois já não confio no Ministério da Saúde”, disse Doria em coletiva de imprensa no Hospital das Clínicas.   

Prioridades – A vacinação no Brasil inteiro começará por trabalhadores da área da saúde, com prioridade para aqueles que estão na linha de frente contra a pandemia.   

Segundo o governo Doria, o plano de distribuição de doses, seringas e agulhas em São Paulo entrará em operação nesta segunda-feira, com foco em seis hospitais-escola da capital e de Ribeirão Preto, Campinas, Botucatu, Marília e São José do Rio Preto.   

Além das 6 milhões de doses já disponíveis, o Butantan apresentará outro pedido à Anvisa para autorização de uso emergencial de 4,8 milhões envasadas em São Paulo a partir do princípio ativo enviado pelo laboratório chinês Sinovac.   

Essas unidades já estão prontas, mas a agência pediu para o instituto fazer uma solicitação separada em relação às doses envasadas e entregues pela empresa chinesa. A expectativa do Butantan é de uma decisão ainda nesta semana.   

Como a Coronavac precisa ser aplicada em duas doses, as 10,8 milhões já importadas ou envasadas pelo instituto servirão para imunizar 5,4 milhões de pessoas, o que representa pouco mais de 2,5% da população brasileira.   

Após a aprovação da Anvisa, 100 funcionários do Hospital das Clínicas de São Paulo já receberam a primeira dose neste domingo. (ANSA).