O quebra-cabeça em torno do exato momento em que se deu a chegada da humanidade às Américas ganha mais uma peça. Trata-se de uma pesquisa divulgada pela revista cientifica norte-americana Science, a qual mostra que pegadas humanas encontradas no Novo México, no sudeste dos EUA, ocorreram entre 23 mil e 21 mil anos atrás. Até o momento, pensava-se que o surgimento do homem nessa porção do mundo havia acontecido por volta de 16 mil ou 17 mil anos, no período pleistoceno. A principal implicação dessa descoberta é saber de que forma essa migração humana ocorreu. Sabe-se que os primeiros povos da América vieram da Ásia, porém nesse período ainda havia uma geleira imensa entre as duas partes da Terra. “O estudo é salutar, mas não permite descobrir como a humanidade veio do velho para o novo mundo”, diz André Strauss, do Museu de Arqueologia e Etnologia da USP.

“O estudo é salutar, mas não permite descobrir como a humanidade veio do velho para o novo mundo” André Strauss, arqueólogo (Crédito:Jefferson Bernardes)

A forma escolhida pelo Serviço Geológico dos EUA para se determinar a idade exata das pegadas, observadas às margens de um lago dentro do parque nacional de White Sands, foi à datação do carbono. Os cientistas analisaram as camadas de sedimentos acima e abaixo das pegadas e demonstraram se tratar de algo semelhante ao que conhecemos hoje como família, pois o tamanho das marcas no chão lembra pés de crianças ou de adolescentes, que possivelmente acompanhavam adultos. De forma geral, o assunto é misterioso e os pesquisadores, como Strauss, são céticos. “Faltam elementos que comprovem realmente a existência humana nesse local e nessa época”, diz. Apesar da nova descoberta, a chegada do homem às Américas ainda é um grande enigma.