Taiwan vota no próximo sábado (13) em eleições cruciais que as autoridades chinesas apresentam como uma escolha “entre a guerra e a paz”.

O favorito destas eleições presidenciais é o atual vice-presidente, Lai Ching-te, do Partido Democrático Progressista (DPP).

Ele é odiado por Pequim, que o descreve como um “defensor obstinado da independência de Taiwan” e um “puro sabotador da paz”.

Os analistas consideram improvável que a China continental lance a curto prazo uma invasão total de Taiwan, mas nos círculos de segurança, de Taipei a Washington, são abundantes os debates sobre as opções que se abrem a Pequim.

Confira alguns dos cenários entre os quais a China poderia optar se decidisse atacar Taiwan:

– “Decapitação” –

A China reivindica Taiwan como parte de seu território e prometeu tomá-lo, com a “unificação” como credo.

O gigante asiático envia aviões de combate ao redor da ilha diariamente, e seus navios mantêm uma presença quase constante nas águas taiwanesas. No últimos ano e meio, realizou pelo menos duas grandes manobras militares, e seu porta-aviões Shandong passou várias vezes pelo estreito de Taiwan, que a separa da China.

Para Ou Si-fu, analista do Instituto de Defesa Nacional e Segurança de Taiwan, “é mais do que provável” que Pequim queira atacar a infraestrutura militar de Taiwan, bombardeando os centros de comando, bases navais e aéreas, e depósitos de munições. O especialista chama esse cenário de “decapitação”.

“Quando você elimina figuras militares ou políticas, elas não podem mais enviar tropas para defender” Taiwan, explicou o especialista à AFP.

– Bloqueio –

Pequim poderia optar por tomar as ilhas taiwanesas de Kinmen e Matsu, ambas localizadas a cerca de 10 quilômetros do território continental chinês, ou lançar um bloqueio total da ilha de Taiwan, impedindo a entrada e saída de mercadorias e pessoas.

Em abril, as forças chinesas realizaram três dias de exercícios simulando um bloqueio desse tipo para protestar contra uma reunião na Califórnia entre a presidente taiwanesa, Tsai Ing-wen, e o americano Kevin McCarthy, então presidente da Câmara dos Representantes.

O Exército Popular de Libertação (EPL) “poderia organizar um bloqueio de nossos portos, aeroportos, infraestruturas militares e comunicações aéreas e marítimas para alcançar seu objetivo operacional de ‘imobilizar todas as aeronaves e ancorar todos os navios'”, alertou o Ministério da Defesa de Taiwan em seu relatório de 2023.

Mas “não está claro quanto tempo a China pode manter um cerco, se Taiwan e seus parceiros encontrarem maneiras de contornar o bloqueio”, indicou um recente relatório do International Crisis Group (ICG), e essa tática iria contra o objetivo militar chinês de “ganhar uma guerra rápida”.

O custo econômico de um bloqueio – superior a dois trilhões de dólares, segundo o Rhodium Group – seria exorbitante não apenas para Taiwan, mas também para Pequim.

– Campanha anfíbia –

Se o presidente chinês, Xi Jinping ,mantiver sua promessa de unificação, os chineses “terão que ocupar Taiwan. E para ocupar Taiwan, eles têm que realizar uma campanha anfíbia”, segundo Ou.

Mas os ataques anfíbios são complexos, e o terreno de Taiwan, somado às difíceis condições das monções, são um fator dissuasivo.

Alguns pontos vulneráveis da ilha – como as “praias vermelhas” – ainda são mais adequados para um desembarque militar em larga escala.

Uma das praias mais próximas da capital, Taipé, fica no norte, em Taoyuan, onde está localizado o aeroporto internacional mais importante.

“Se o EPL ocupar o aeroporto, pode usá-lo para transportar suas tropas, munições e alimentos”, disse o especialista.

No entanto, para Amanda Hsiao, analista chinesa do ICG, a probabilidade de um ataque anfíbio chinês em Taiwan é “baixa a curto prazo porque as chances de Pequim falhar não são insignificantes”.

O que é mais preocupante é que “o domínio de Pequim sobre Taiwan está se estreitando”. “Vemos evidências disso todos os dias na forma de uma atividade mais estreita e frequente do EPL, o desenvolvimento de narrativas favoráveis aos interesses chineses e a guerra comercial através do estreito”.

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