Quem já se deu conta do mal que Bolsonaro faz para o País se pergunta como é possível que ainda existam brasileiros que ainda o apoiem.

Todos temos aquela tia, aquele amigo, aquele colega de trabalho que sempre foi “tão inteligente” mas que, no entanto, continua sendo um “bolsominion”, “gado”, ou simplesmente parece não enxergar o que Bolsonaro representa para o presente e para o futuro do Brasil.

Não é muito diferente do que aconteceu com o PT, lembram?

Quantas amizades acabaram, ou quantos almoços de família terminaram em confusão porque aquele cunhado que “parecia normal” continuava apoiando o Lula, a Dilma ou o PT, mesmo depois dos evidentes escândalos de corrupção.

Bem-vindo aos tempos da polarização. Das redes sociais. Das fake news.

Ocorre que esse fenômeno, gente que insiste em apoiar uma idéia que é evidentemente equivocada para outros, sempre existiu, só não era tão evidente.

E arrisco duas explicações para isso.

Duas razões pelas quais Lula e Bolsonaro continuam a ter apoiadores: prioridades, orgulho. Simplesmente orgulho.
Essa é uma razão que não tem nada a ver com as redes sociais, caso contrário ditadores não existiriam com apoio popular ao longo da História.

Baseia-se no óbvio fato de que o que é importante para um, não é tão importante para outro.

Encarar a família, os amigos, as redes sociais e aceitar que errou, principalmente depois de ter apoiado com veemência alguém que se provou uma farsa, não é coisa fácil

Vejamos o caso do PT.

A história do PT, desde sua origem, sempre esteve relacionada à promessa de benefícios sociais.

À melhor distribuição de renda no País. Ao apoio aos menos favorecidos.

É inegável o fato de que durante o primeiro governo Lula, mesmo contando com a sorte de surfar uma onda favorável na economia mundial, houve uma profunda mudança na pirâmide social brasileira.

Uma mudança que não se sustentou porque não tinha um lastro econômico autossustentável.

Quando explodiram os escândalos de corrupção, o castelo ruiu.

Aí entram as prioridades.

Para quem apoiava — e talvez ainda apoie Lula e o PT — essa intenção pretensamente socialista (porque na prática nenhum governo petista o foi) de mudança na estrutura da nossa sociedade é mais importante do que tudo. Inclusive do que a corrupção.

Então, é compreensivo que ainda existam aqueles que mesmo reconhecendo a corrupção, apostam em Lula e na promessa petista.

Para eles, os fins justificam os meios.

Assim como quem ainda apoia o Bolsonaro, baseia sua decisão numa lógica onde é necessário um déspota esclarecido no poder. Um novo Marquês de Pombal. Alguém que, em nome do progresso e do nacionalismo, necessite usar o autoritarismo e o medo, como o Leviatan de Hobbes, para impor uma nova ordem.

Para quem apoia Bolsonaro, essa mudança em nossa sociedade é mais importante do que tudo. Até mesmo do que a saúde da população. “Alguns vão morrer. Fazer o quê?”.

Para eles, os fins justificam os meios, de novo.

Quem pensa diferente, não consegue entender as prioridades do outro.

Outro motivo, acredito, é simplesmente a dificuldade em admitir que errou. Aí entra o orgulho.

Encarar a família, os amigos, as redes sociais e aceitar que errou, principalmente depois de ter apoiado com veemência alguém que se provou uma farsa, não é coisa fácil.

Então, quem sabe, seja a hora da gente tentar, ao invés de acusar e ofender, buscar alguma empatia com esses dois grupos.

Quem sabe isso possibilite crescer o número de brasileiros que reconhecem o mal que Bolsonaro está fazendo ao País.

Quem sabe.

Claro que existem também os imbecis, os ignorantes, os igualmente corruptos ou canalhas.

Mas para esses, não há argumentos que convençam.

E merecem o presidente que têm.