Em 1995, o diretor Naum Alves de Souza recebeu um convite pouco usual: preparar para o Teatro Municipal de São Paulo uma nova produção da ópera Os Pescadores de Pérolas, de Bizet. A surpresa tinha a ver, acima de tudo, com o título escolhido. Ópera da juventude do compositor, ela nunca alcançou a mesma fama de Carmen, em parte por conta de seu enredo: um triângulo amoroso ambientado nas praias do Ceilão, aterrorizadas pela paixão proibida entre o jovem Nadir e a sacerdotisa Leilah.

“É uma história ingênua”, disse o diretor à reportagem na época da estreia. Mas as reservas com relação ao texto não o impediram de criar uma das mais bem-sucedidas produções da história recente do Municipal, que voltou ao palco em 2005 e agora ganha nova temporada, em homenagem da Orquestra Experimental de Repertório e seu diretor Jamil Maluf ao encenador, morto no ano passado – a remontagem da cena fica a cargo do diretor João Malatian: em 2006, ele assinou uma produção de Orfeo, de Monteverdi, em parceria com Naum, que criou cenários e figurinos.

Malatian mantém vivo o espírito da concepção do diretor que, perante a história de Bizet, adotou o que ele chamou de olhar realista, mas sem abrir mão de efeitos delicados e dramaticamente eficientes, como a presença da água como cenário para o desenrolar da ação. Sempre, em suas palavras, com a música como guia: “É uma partitura muito forte, então quis aproveitar a todo instante o que ela me sugere”.

O elenco da produção é composto pela soprano Camila Titinger, como Leilah, pelo tenor Gustavo Quaresma, como Nadir, pelo barítono David Marcondes, como o pescador Zurga, e pelo baixo Matheus França, no papel do sacerdote Nourabad.

Titinger, com uma carreira em rápida ascensão e passagem pelos principais teatros e orquestras brasileiras, repete o papel que ela estreou em 2015, quando participou da produção da ópera dirigida pelo cineasta Fernando Meirelles no Theatro da Paz, em Belém, transmitida para cinemas de diversas cidades brasileiras.

OS PESCADORES DE PÉROLAS

Teatro Municipal. Pça. Ramos de Azevedo, s/nº, 3053-2090. Hoje, 4ª, 6ª, dom. e 6/11, 20h. R$ 20 a R$ 60 (hoje e 6/11, R$ 15 a R$ 40).

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.