A representação política brasileira passa por uma crise aguda e não tem qualquer alternativa de equação no horizonte. Os partidos se mostram cada vez mais frágeis e funcionam como o pior ambiente para se construir lideranças capazes de apresentar propostas consequentes para a solução dos nossos problemas. Os vícios do sistema são maiores do que as virtudes. Impossível de ser reformado diante da atual configuração. A deputada estadual Janaina Paschoal (PSL-SP), por exemplo, disse à ISTOÉ que tem uma proposta de candidatura avulsa, aguardando uma resposta no TSE. A iniciativa não foi avaliada e encontra todo o tipo de resistência.

O fim da ideologia na política, algo que parece impossível diante do atual quadro de polarização, mas que se tornou proposta popular e charlatã nos últimos anos, poderia até fortalecer ainda mais o fracasso dos partidos. Especialmente, porque eles não são capazes de criar agrupamentos em torno de ideias. O fisiologismo sim é determinante. Assim, a construção de maiorias no Congresso, devidamente afinadas com interesses pessoais, desvirtua todo o sistema partidário. E há quem participe do jogo, mesmo sem entender as regras. O deputado Tiririca é um exemplo. As consequências são imediatas: corrupção e clientelismo são as mais evidentes.

O modus operandi de grandes agremiações se repetem. Partidos como MDB e DEM são exemplos clássicos. Cada um dos seus parlamentares tem um distanciamento ideológico fenomenal dos demais seus colegas, dando a entender que eles não falam a mesma língua ou nunca se encontraram num único debate de proposta. Por isso, fica um iniciativa simplista o ex-presidente FHC apoiar Lula ou qualquer outro candidato fora do raio de ação do seu partido sem a menor hesitação. Algumas pequenas legendas não se constrangem em buscar quem possa alugar suas siglas durante as campanhas eleitorais. O sistema está totalmente falido.

A saída do deputado Marcelo Freixo do PSOL para o PSB é outra mostra da falência do sistema político. Freixo será um psolista onde quer que esteja. Sair do partido foi um passo para alcançar voos maiores em eventuais coligações com aliados na centro-esquerda. As amarras do sistema não são naturais. O mesmo ocorre com o deputado Rodrigo Maia que foi expulso do DEM. Há muito pouco tempo ele era cogitado para liderar o partido postulando cargos executivos como governador ou até mesmo presidente. Maia mantém sua ideologia intacta, nada mudou. No entanto, o ex-presidente da Câmara se chocou com os bastidores do poder do Planalto e as fatídicas costuras partidárias. Tudo o que existe de pior acontece nesse ambiente. E isso tem se agravado. Há dezenas de exemplos a revelar o agravamento da crise partidária. O sistema é tão ineficiente que favorece exatamente os partidos que atuam no balcão de negócios, em detrimento de uma eficaz política de estado.


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