Conhecer alguns países é muito bom, atiça a percepção das diferentes culturas. Mas conhecer muitos países leva à constatação de que o mundo é muito igual. O homem é o mesmo em todas as partes, apesar de suas diferenças culturais e sociais, empenhado em viver cada vez melhor, mesmo que isto afete aos outros, entendendo, mas não agindo no conforme de que a única solução é a coletiva, com a redução do consumo, na desfaçatez do acréscimo dos PIBs perante a crise ambiental que hoje se instala.

No Mundo Antigo, a escravidão era a forma para a elite melhor viver. Na Idade Média, a religião era o instrumento da elite para o melhor controle social. Na economia atual, todos saúdam o aumento do PIB. A economia se concentra. Hoje, 2.500 bilionários no mundo detêm US$ 12 trilhões em patrimônio, segundo estudo do Banco UBS, nominalmente equivalente a 12% do total do PIB mundial de US$ 101 trilhões, seis vezes maior do que o patrimônio dos 50% mais baixos da população mundial. A desigualdade aumenta, na decisão de poucos, com o aumento da probabilidade de erros nas decisões. A sociedade fica sem interlocução. A natureza se destrói, insígnia da infâmia da cegueira do por vir. Os mais ricos acreditam que a riqueza será suficiente para a sobrevivência de seu pequeno grupo, sem perceber que a riqueza atual depende de sociedades numerosas para a produção e manutenção da tecnologia, o que não ocorrerá na crise ecológica por vir, com a diminuição dos ativos líquidos das sociedades atuais. O que gerou o desenvolvimento é a semente de sua própria morte, no desvaneio do ocorrido. Marchamos para a funesta.

Adam Smith errou quando acreditou que a ação racional dos homens no mercado sempre iria gerar o bem-estar social

Segundo estudo da Universidade de Bristol, em 250 milhões de anos o mundo chegará à temperatura média de 70 graus centígrados, com a extinção dos mamíferos. Alguns homens poderão talvez sobreviver a isto. Mas se houver a sobrevivência, certamente será uma sociedade extremamente autoritária, de dirigentes e subjugados, como no filme de 1960 de George Pal, A máquina do tempo, do livro de H.C.Wells, onde nos vemos em todas as nossas desesperanças.

Adam Smith errou quando acreditou que a ação racional dos homens no mercado sempre iria gerar o bem-estar social. John Nash, em sua síntese da Teoria dos Jogos, nos diz que soluções coletivas são difíceis devido, por vezes, serem as ações individuais em sentidos opostos e desconcatenadas, nem sempre a somatória das ações individuais resultando em uma coletiva racional. O homem acha que iremos sobreviver por si sós, sem a ajuda dos outros. Que pena! Os vitoriosos são os próprios destruidores da humanidade, de seu meio ambiente, da base de seu próprio lucro, que move as sociedades. Ao resto, resta esperar, na angústia do amanhã.