A memória é uma arma poderosa. Não será por acaso que o maior período de paz que o planeta já viveu se seguiu ao maior conflito de todos os tempos: a Segunda Guerra Mundial. Os horrores dessa guerra — o genocídio e a destruição — ensinaram à humanidade o preço do conflito. Mas de repente tudo parece de novo recomeçar. Será que a memória se perdeu?

Foi um comentário lido nas redes sociais (sobre NFTs) que me fez pensar no papel da memória como definidor do futuro. Foi o investidor em tecnologia Carlos Fareh. Ele escrevia que os NFT’s podem ser um caminho para evitar que futuras gerações cometam os mesmos erros e sofram a devastação que agora é testemunhada na Ucrânia.

Pensando na sociedade atual — com todo o mundo ligado em simultâneo na internet – escrevendo tuíte, postando post, se instagramando e snapchatizando até ao limite do sono, é fácil compreender que a democratização dos conteúdos tenha levado à morte da memória.

Hoje os homens parecem padecer hoje da mesma doença dos seus celulares: falta de memória e de bateria.

O excesso de informação funciona como uma enxurrada constante onde não sobra nenhum espaço para o passado. Vivemos agora em um  lugar onde tudo transcorre à velocidade da luz e todos, na urgência permanente de um novo momento, um novo jogo, um novo nível, vêm a memória perder a sua função prospectiva e desaparecer.

É aqui que entram em cena os NFT’s. Finalmente o mundo digital consegue inventar uma forma de preservar a memória. Os Non Fungible Tokens — literalmente, representações não fungíveis — são a memória que as novas gerações podem ver e compreender.

Porque permanecem, ao contrário de tudo o resto que é efémero. Porque são únicos e irrepetiveis o que os aproxima à realidade perceptível dos sentidos. Porque são transparentes e do conhecimento de todos, o que lhes garante autenticidade inquestionável.

Os NFT’s são parte desse caminho. Para recuperar a memória e evitar novas guerras, eles podem ajudar a informar e a  conscientizar os mais jovens sobre como as consequências da guerra poderiam ser vistas. Não como uma forma de chocar o público, mas antes de demonstrar o impacto humano e económico junto das diferentes populações ao longo de várias décadas.

As consequências da guerra não são só as imediatas. Ela impacta as gerações seguintes e o facto dos dados serem inseridos em cadeias de blockchain permite que os mesmos não possam ser manipulados após a sua divulgação.

Nesta nova ordem, onde a transparência impera, nenhuma guerra encontraria território fértil para prosperar.