A eleição presidencial de 2018 não será marcada apenas pela polarização e pelo ingresso de novos nomes na cenário eleitoral. Será um terreno fértil também para candidaturas menores na estrutura, mas não nas ambições. Nos últimos dias, quatro partidos de pequeno porte declararam que vão lançar candidato próprio. Com um discurso amparado no combate à corrupção e na retomada da economia, candidatos com parcos recursos, pouca capilaridade nos Estados e donos de poquíssimo tempo no horário eleitoral, como João Amoêdo, que se lançou pelo Partido Novo, almejam marcar posição e difundir seus ideais – e quem sabe até chegar lá – durante a corrida pela Presidência. Algumas legendas, como o PCdoB, decidiram não se submeter mais à indicação das coligações e vão tentar a carreira solo no ano que vem. Na última campanha, a legenda, que comemora 95 anos, estava colada com a candidata do PT Dilma Rousseff e também sempre apoiou as campanhas de Lula. Mas agora o partido, apesar de suas limitações, quer ser protagonista. A candidata escolhida foi a deputada estadual gaúcha Manuela D’Ávila. Em entrevista a ISTOÉ, ela afirmou que sua candidatura é para valer e não condicionada ao fato de Lula ser impedido de disputar o pleito por um dos processos judiciais que responde. “Seria muita irresponsabilidade lançar uma candidatura só para marcar posição”, afirmou.

A tarefa de concorrer à Presidência com candidatos de partidos mais fortes nunca é fácil para os candidatos das legendas menores. Com a proibição das doações de empresas privadas, os recursos terão de sair basicamente de uma mesma fonte: o Fundo Partidário. Em alguns casos, o dinheiro não vai dar nem para pagar passagem aérea. É o exemplo do Partido Novo. Segundo o TSE, a legenda recebeu em outubro R$ 87 mil oriundos do fundo. Mas, curiosamente, a renúncia ao dinheiro público é uma das bandeiras do partido. Nas eleições de 2016, o PN elegeu quatro vereadores e já conta com 10 mil filiados. “O cenário atual tem contribuído para as pessoas estarem mais abertas ao novo”, afirma João Amoêdo.

Pouco tempo de tv

Dos quatro partidos nanicos, o que mais se aproximou do pelotão de elite, do qual fazem parte o PT, PMDB, PSDB, DEM, foi o pequeno PSC. Em outubro, a legenda teve direito a R$ 1,5 milhão. Parece muito, mas não é. Naquele mesmo mês, o PT abocanhou R$ 7,8 milhões. Sem poder contar com seu principal nome, o deputado Jair Bolsonaro, que deve disputar a Presidência pelo Patriota, o PSC deve anunciar nos próximos dias o economista recém-filiado Paulo Rabello de Castro, atual presidente do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Para não fugir do discurso dos demais partidos nanicos, Rabello declarou que via “higienizar” a política.

O senador Álvaro Dias (PR), que trocou o PV pelo Podemos, foi o primeiro nome dos nanicos a confirmar sua candidatura. A mudança, inclusive, foi baseada na garantia do lançamento do seu nome ao Palácio do Planalto pelo partido. A principal diretriz da sigla é o modelo do homônimo partido da Espanha. Em que as orientações são baseadas numa comunicação mais próxima com a população, totalmente independente das atuais ideologias partidárias. Mas, sem recurso e sem tempo na TV, o problema do Podemos e de todos os nanicos é conseguir chegar até a população.