O artista carioca Athos Bulcão (1918-2008) adorou a “falta de paisagem” de Brasília, local ideal, segundo ele, para um artista fazer sua obra. Foi Brasília que o tornou conhecido. Lá, azulejou prédios como o da catedral, pintou e projetou móveis. Trabalhou ao lado do arquiteto Oscar Niemeyer e do pintor Cândido Portinari. Bulcão ficou à sombra dos dois, mas nem por isso foi menor que seus mentores. A mostra “100 Anos de Athos Bulcão” exibe aspectos surpreendentes de sua obra, marcada pela variedade e criatividade. Ela se divide em oito núcleos, abrangendo oito vertentes do trabalho em 300 peças elaboradas de 1940 até a morte. Algumas delas nunca foram exibidas ao público, caso das três ao lado. São pinturas figurativas, colagens, “pinturas objetos” com as quais questionava a noção de originalidade, croquis, maquetes, ilustrações para livros, revistas e jornais e projetos de painéis de azulejos em prédios públicos. Os curadores Marília Panitz e André Severo pretendem não só mapear a produção do artista como também oferecer ao visitante uma aventura e uma lição dos processos com que Bulcão construiu a sua grande arte. CCBB-SP, até 15/10. CCBB-RJ, de 7/11 a 28/1/2019.

3 obras inéditas

COLAGEM (1953)
“O Sonho do Prisioneiro” (acima) está no núcleo 2, “Devaneios em Preto e Branco”, com experiências surrealistas

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PINTURA (1966)
“Baile de Máscaras”, óleo sobre tela. O tema do Carnaval aparece tardiamente na obra de Bulcão, depois das pinturas com cenas bíblicas da Catedral de Brasília

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RELEVO (1944)
“Máscara Istambul”, relevo policromático, faz parte do núcleo 3, “É Tudo Falso”, com máscaras que representam processos de decomposição e dissociação