Segue abaixo um abecedário dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro:
A de Atletismo: o esporte-astro dos Jogos chega ao Rio em meio a uma comoção histórica. A potente delegação russa não poderá competir no Brasil depois de descoberto um sistema organizado de doping em seu atletismo. Mas ainda há a possibilidade da participação de 68 atletas que afirmam estar “limpos”.
B de Brasil: o país anfitrião da América Latina, a quinta maior nação do mundo em superfície e em número de habitantes: 206 milhões.
C de Corrupção, Crise e Calamidade: é a tríade fatal de um ano difícil para o Brasil, que começou sacudido pela megafraude do Petrolão, viu agravar a recessão econômica e, a pouco mais de um mês dos Jogos, o estado do Rio declarou-se quase em falência.
D de Dilma Rousseff: quando assumiu seu segundo mandato, em janeiro de 2015, parecia claro que a primeira mulher a presidir o Brasil seria a anfitriã dos Jogos. Mas, depois de um ano e meio cheio de turbulências políticas e mudanças inesperadas, foi afastada do cargo enquanto o Senado a julga por maquiagem nas contas públicas. O ministro dos Esportes afirmou que Dilma foi convidada para a abertura, junto a todos os ex-presidentes.
E de Exigência: a vida de um esportista de elite está cheia de sacrifícios e renúncias, especialmente nas disciplinas minoritárias para as quais os Jogos são sua única oportunidade. Já faz parte da história a imagem da maratonista suíça Gabriela Andersen em Los Angeles-1984. Exausta e desidratada, a atleta percorreu os últimos metros cambaleando e quase sem conseguir ficar em pé. Desmaiou ao cruzar a meta, mas cumpriu seu objetivo: concluir a primeira maratona feminina realizada em uma Olimpíada.
F de Fogo: a chama olímpica foi acesa em 21 de abril nas ruínas da cidade grega de Olímpia, berço dos Jogos da Antiguidade, e chegou ao Brasil em 3 de maio. Desde então, percorre os 27 estados do país pelas mãos de 12.000 pessoas, até que em 5 de agosto faça sua emocionante entrada no Maracanã.
G de Golfe: O retorno deste esporte aos Jogos após 112 anos de ausência é uma das grandes novidades do Rio-2016, junto com a volta de outra modalidade histórica, o rugby. Mas alguns dos melhores golfistas do mundo – como o número um Jason Day ou Rory McIlroy (4º) – não competirão no Rio por medo de contrair o zika vírus.
H de Hospitalidade: Além de ser uma das cidades mais exuberantes do mundo, o Rio de Janeiro é uma terra alegre, berço do samba e do carnaval, acostumada a receber milhares de turistas todos os anos. Para os Jogos, espera-se que 500.000 visitantes estrangeiros se misturem aos cariocas para acompanhar o maior evento esportivo do planeta.
I de Intendência: Um dos desafios da organização será administrar a pequena cidade da Vila Olímpica, que em seus 31 edifícios alojará os 17.000 membros das 206 delegações participantes. E todos precisam comer. Para isso foi habilitado um restaurante gigante, no qual cabem cinco Airbus A380, mas que até o momento se contentará em servir 210 toneladas de comida por dia, em uma sala de quase 7.000 lugares.
J de Jogos: Em 1892, o barão francês Pierre de Coubertin teve a ideia de recuperar os Jogos Olímpicos na era moderna e, para isso, criou dois anos mais tarde o Comitê Olímpico Internacional (COI). “O importante não é vencer, mas competir”, considerava o fundador, que viu seu sonho se tornar realidade em Atenas-1896, quando foi realizada a primeira competição da nova era. Passaram-se 124 anos desde sua ideia e os Jogos agora são um evento gigante, que no Rio reunirá 10.500 atletas de 206 países, competindo em 306 provas de 42 modalidades.
K de Katie Ledecky: Campeã olímpica nos 800 metros de Londres-2012 quando tinha apenas 15 anos, a última joia da natação americana pode ser uma das estrelas do Rio. Como prova, apresenta os cinco ouros – já soma nove em sua curta carreira – que conquistou no Mundial de Kazan no ano passado.
L, de Lula: No dia 2 de outubro de 2009, o presidente Lula começou a chorar em Copenhague: o Rio acabava de conquistar os Jogos-2016 e o piloto daquele Brasil imparável prometeu ao COI que a organização não se arrependeria de sua decisão. O tempo, no entanto, atropelou os vencedores, incluindo o popular ex-presidente, cuja estrela está agora ofuscada pela sombra da corrupção.
M de Metrô: O sistema de transporte é o grande pesadelo dos organizadores nesta reta final. Após uma série de atrasos, a nova linha do metrô, chave no esquema de mobilidade, será inaugurada apenas quatro dias antes dos Jogos.
N de Neymar: É a estrela pela qual o Brasil sempre espera e sobre seus ombros recai agora a responsabilidade de conduzir uma seleção em crise em busca do ouro olímpico, o único grande título que falta aos pentacampeões do mundo. Dois anos depois da catástrofe da Copa-2014, o futebol dá uma segunda oportunidade ao time de festejar uma vitória em casa que era aguardada há dois anos.
O de Ouro: Os atletas que competirão no Rio compartilham todos a mesma obsessão: conquistar uma das 812 medalhas de ouro – e com um peso de quase 500 gramas – que serão entregues no Rio.
P de Phelps: Com 18 medalhas de ouro, 22 no total em seu currículo, o atleta mais premiado da história olímpica disputará no Rio seus quintos Jogos. Aos 31 anos já ganhou tudo, teve tempo de chegar ao inferno e voltar, e inclusive ser pai. Agora só falta a ele uma despedida à altura da lenda que ele representa.
Q de Queridos: atletas de pequenos países, como São Vicente e Granadinas, Ilhas Virgens Britânicas, Tonga ou Kiribati, que não costumam passar das eliminatórias, mas saem das provas com o carinho do público, que recorda de sua existência a cada quatro anos.
R de Refugiados: Entre os milhares de atletas que estarão no Rio se destacam dois nadadores sírios, cinco do Sudão do Sul, dois judocas da República Democrática do Congo e um maratonista etíope. São os 10 integrantes da primeira equipe de refugiados que disputará uma Olimpíada. Atletas de elite que viram suas carreiras promissoras afetadas pela violência em seus países e que agora competirão sob a bandeira olímpica.
S de Sul-americanos: Foram necessários 120 anos, desde que Atenas recebeu os primeiros Jogos da era moderna em 1896, para que a América do Sul organizasse a primeira Olimpíada de sua história. A honra cabe ao Rio de Janeiro, uma das cidades mais belas do continente.
T de Temer: vice-presidente de Dilma Rousseff durante mais de cinco anos, Michel Temer acabou se tornando inimigo da presidente e um dos arquitetos de seu afastamento. Desde maio ele é o presidente interino do Brasil, embora alguns setores questionem sua legitimidade. Será o responsável por declarar a abertura dos Jogos Rio-2016 no dia 5 de agosto no estádio do Maracanã.
U de Usain Bolt: o homem mais rápido do mundo tem um encontro com a história no Rio: ser o primeiro atleta da história a conquistar três medalhas de ouro pela terceira vez em Jogos Olímpicos nos 100, 200 e revezamento 4×100 m (como fez em Pequim-2008 e Londres-2012). Mas uma lesão inesperada nas seletivas jamaicanas deixou o mundo preocupado e o atleta luta contra o tempo para chegar em forma ao Rio.
V de Valentes: Competir em uma Olimpíada também é uma questão de valor, como o do nadador da Guiné Equatorial Eric Moussambani em Sydney-2000. Apesar de mal saber nadar nove meses antes da competição, o herói inesperado na Austrália pulou pela primeira vez em uma piscina olímpica – em seu país não havia nenhuma – no dia das eliminatórias. Suas braçadas agônicas em uma volta completa na piscina que parecia não ter fim o transformaram em uma estrela e entraram para a história.
W de ‘Welcome to hell’: com esta frase, vários policiais receberam duas vezes os turistas que desembarcaram no aeroporto internacional do Rio. Sem receber os salários completos há meses, protestavam pela falta de recursos para a compra de material – como papel higiênico para as delegacias ou gasolina para as viaturas.
X como no sexo: Nem tudo é disciplina e concentração na Vila Olímpica. Os atletas terão à sua disposição 450.000 preservativos, três vezes mais que em Londres-2012. Um número recorde que equivale a nada desprezível média de 42 camisinhas por pessoa.
Y de Yuliya Stepanova: A atleta russa dos 800 metros foi a responsável por revelar o grande escândalo de doping sistemático no atletismo de seu país. Exilada nos Estados Unidos, espera a aprovação do COI para competir no Rio sob uma bandeira neutra.
Z de Zika: Poucas pessoas haviam ouvido falar do vírus transmitido pelo mosquito Aedes aegypti há um ano, mas a epidemia no Brasil, que atingiu o restante do continente, e sua relação com más-formações em recém-nascidos dispararam os alertas de saúde. Apesar da redução do risco de contágio por causa do inverno no Brasil, os Jogos Rio-2016 também serão marcados pelo uso de repelentes e a guerra aos mosquitos.