Há excrescências que só ocorrem no Brasil. Mais de 50 mil autoridades, a começar pelo presidente da República, ministros, senadores e deputados, entre outros milhares de intocáveis, têm foro privilegiado e não podem ser jugados pela Justiça comum. Assim, Bolsonaro, seus filhos Flávio e Eduardo, por exemplo, acusados de cometer inúmeros crimes pela CPI da Covid no Senado, não podem responder na Justiça onde todos os outros 210 milhões de brasileiros são obrigados a prestar contas. Assim, o mandatário ficará protegido pelo manto da impunidade que a PGR lhe oferece e deverá ficar livre de ser julgado pelos crimes que cometeu na pandemia, sobretudo por oferecer de forma criminosa a cloroquina aos doentes e de ser culpado pela morte de muitas das 610 mil vítimas do vírus.

Pizza

Além dos integrantes da família negacionista, a CPI indiciou outras dez autoridades com direito a julgamento em cortes superiores (STF e STJ). Nesses tribunais, esse tipo de ação quase sempre acaba em pizza. Estão na lista os ministros Queiroga, Onyx, Braga Netto e Wagner Rosário, além do governador Wilson Lima (AM), que responde no STJ.

Deputados

Entre os que têm foro privilegiado, estão na lista ainda os deputados Osmar Terra, Ricardo Barros, Bia Kicis, Carla Zambelli e Carlos Jordy. É por essa indecência que o senador Alvaro Dias insiste na aprovação do seu projeto que acaba com esse tipo de imunidade: a medida foi aprovada no Senado, mas está parada há três anos na Câmara.

O deputado bananinha

Sergio Lima / AFP

Todo mundo chama o deputado Eduardo Bolsonaro de “bananinha”, sabe-se lá por quê. O fato é que o 03 não gosta de ser chamado assim. O deputado Kim Kataguiri é um dos que se referem a ele por esse apelido. A deputada Joice Hasselmann é outra. Por conta disso, Eduardo entrou com uma ação de injúria na Justiça e a ministra Rosa Weber (STF) a rejeitou. Ou seja, Kim pode continuar chamando-o de bananinha.

Retrato falado

”Quem anda com lobo, lobo vira, lobo é. Vide Flávio” (Crédito:Divulgação)

O tempo fechou. Roberto Jefferson, presidente do PTB e afastado do cargo por estar preso em Bangu-8, anda criticando o presidente e o seu filho Flávio. Jefferson está furioso porque o capitão está preferindo ficar entre o PP e o PL, ao invés do seu PTB. O ex-deputado escreveu uma carta malhando Bolsonaro e o 01, dizendo que eles caíram no “vício das facilidades do dinheiro público” quando decidiram se aproximar de Ciro Nogueira (PP) e de Valdemar da Costa Neto (PL).

Bolsonaro pedala

Dilma pedalou e caiu. Bolsonaro pedala e não cai. É que a petista não soube azeitar a bicicleta de Eduardo Cunha, enquanto
o capitão está lubrificando muito bem a “magrela” de Lira. O capitão está fazendo de tudo para aprovar a PEC do Calote, como é conhecida a emenda que vai pedalar os débitos que os credores deveriam receber este ano, no valor de R$ 89 bilhões em precatórios. Com esse dinheiro, o governo pretende destinar R$ 30 bilhões para bancar os R$ 400 do Auxílio Brasil, nome do novo Bolsa Família. O problema é que o governo pode não ter os 308 votos para aprovar a PEC e, assim, não haveria recursos para os miseráveis, que, pela primeira vez, ficarão sem ajuda.

Calamidade

Diante de tantos equivocos, Bolsonaro pensa em baixar um decreto de calamidade pública para permitir que o auxílio emergencial possa atender as famílias miseráveis. Mas fica uma pergunta: se o governo conseguir aprovar a PEC dos Precatórios, o que será feito com os outros R$ 59 bilhões que sobrarão?

Um olho no peixe

O presidente do Republicanos, deputado Marcos Pereira, acompanha os movimentos do presidente na escolha de um partido para se filiar e disputar a reeleição. Bolsonaro está indeciso entre o PP e o PL. Quem oferecer mais, leva. O capitão diz que decide a parada ainda em novembro. A questão é que, nesse caso, o Republicanos ficaria a ver navios.

Ricardo Botelho

Outro no gato

Para não ficar por baixo, Pereira ofereceu a Bolsonaro a possibilidade de ele dividir sua tropa de choque entre as várias legendas que o sustentam, autorizando alguns de seus auxiliares nos quais mais aposta a se filiarem ao Republicanos. Ele espera atrair ministros como Tarcísio, Tereza Cristina e Fábio Faria. O capitão ficou de pensar.

A vingança do general

MAURO PIMENTEL

Hamilton Mourão deve se lançar candidato a governador do Rio. A pesquisa Quaest mostra um cenário em que ele aparece em segundo lugar com 17% das intenções de voto, atrás apenas do deputado Marcelo Freixo, com 23%. Já imaginaram Mourão governador do Rio e Bolsonaro não se reelegendo e voltando a morar em sua casa na Barra da Tijuca? Seria a vingança do general.

Toma lá dá cá

Luis Miranda, deputado pelo DEM-DF (Crédito:Pablo Valadares)

O que achou de seu irmão ter sido obrigado a deixar o país após receber ameaças de morte?
Escancara o quão perigoso são as fake news. Quando dizem na internet que meu irmão falsificou documentos para prejudicar o presidente, ele atraiu o ódio dos que idolatram o presidente. Tirá-lo do País foi a única opção que restou.

O senhor pretende tomar providências por conta das ameaças?
Peço a Deus que proteja a minha família. Vou entrar na Justiça pedindo ajuda para receber proteção também.

Qual sua avaliação sobre o relatório final da CPI?
O relatório está cheio de denúncias graves, mas já ouvi que vai dar em pizza. Eu não acredito. Para mim, iludidos são os que acham que o PGR protegerá

Rápidas

* Como Guedes é incompetente para reduzir a inflação, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, está agindo com rigidez. Aumentou a Selic em 1,5 ponto (7,75%), configurando-se como a maior taxa de juros reais do mundo. E avisou que em dezembro aumentará em mais 1,5 ponto.

* O capitão não terá vida fácil em 2022. A partir de setembro, o presidente do TSE será o ministro Alexandre de Moraes, que já deu um recado duro: se ele fizer em 2022 o que fez na campanha de 2018, será preso.

* Rodrigo Pacheco filiou-se ao PSD de Kassab com a missão de ser o candidato a presidente que pode acabar com a polarização entre Lula e Bolsonaro. “Chegamos ao limite dos extremos”, disse ele, que deseja ser um novo JK.

* Ao bater boca com André Marinho no programa “Pânico da Jovem Pan”, Bolsonaro mostrou despreparo para o debate. Provocado pelo humorista sobre a rachadinha de seu filho Flávio, o presidente abandonou a entrevista.