Se eu pudesse escolher um artista para fazer um retrato meu, escolheria Yan Pei-Ming. Ele é um importante pintor chinês contemporâneo que ficou famoso em todo o mundo por suas obras expressionistas e monumentais. Yan cria retratos distintos de figuras famosas do século 20, incluindo imagens de Mao Zedong, Michael Jackson e Pablo Picasso.

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Para pintar, ele usa um pincel longo do tamanho de um esfregão para criar suas imagens icônicas, trabalhando rapidamente com tinta a óleo úmida. Na maioria das vezes, faz uma combinação especial de tinta branca e preta ou vermelha e branca. Seu trabalho de Yan pode ser encontrado em importantes museus como Centre Pompidou de Paris, no Shanghai Art Museum ou no Museu Nacional de Arte Moderna de Tóquio.

Yan Pei-Ming é interessado em tudo, tanto personagens históricos e anônimos. Essa caraterística é resultado de sua história de vida. Nasceu em Xangai (1960), bem no meio da revolução cultural da China. Sua família era pobre e seu pai chegou a trabalhar num matadouro, mas como uma moeda, sua vida também teve um outro momento, quando sua família viveu em um templo budista. Teve contato com a arte nas aulas de propaganda que teve na escola e desde então vive e respira neste universo.

Ele se inscreveu na Escola de Arte e Design de Xangai, mas a gagueira o impediu de passar no teste. Deixou a China aos 19 anos rumo à França para morar com um tio. Chegando em Paris se inscreveu na famosa Escola Nacional de Belas Artes, mas foi rejeitado novamente. Com a ajuda do tio, conseguiu um emprego na cidade de Dijon. Foi lavar pratos de noite em um restaurante, enquanto durante o dia aprendia francês em uma escola local. Ele não desistiu. Um ano depois, conseguiu ingressar na escola de artes de Dijon, onde estudou por cinco anos. Em 1991, teve sua primeira exposição individual no Centre Pompidou e a partir deste momento ganhou fama internacional, sendo chamado inclusive para bienais de arte de Sevilha, Istambu e Veneza.

Fez enormes retratos do Papa João Paulo II, Barack Obama, Trump, Príncipe Charles, Dominique de Villepin (primeiro-ministro francês) e de Bruce Lee. Suas pinceladas violentas chamaram a atenção do Louvre, que o convidou para confrontar sua arte contemporânea com os mestres do passado. Quando recebeu o convite, imediatamente ele pensou na Mona Lisa, o quadro mais famoso do mundo e que faz parte do acervo do museu. Fez a exposição “O Funeral de Mona Lisa“, apresentando a madona em uma paisagem chinesa, ao lado de uma representação do enterro do pai do pintor.

Na década de 1990, ele produziu uma grande série de retratos de pessoas da base da sociedade, como prisioneiros, prostitutas e crianças sem-teto. Em sua obra, ele também incluiu temas como conflitos sociais e geopolíticos e suas consequências. Ming fez muitos trabalhos para criticar a sociedade moderna. “Criança Sudanesa” (2006) é um exemplo de um retrato de sofrimento dos efeitos da guerra, da fome, da pobreza e de outras desgraças. outros desastres.

Sua gagueira ou as limitações financeiras de sua família não o impediram de correr atrás do sonho de ser um artista, mas o estrelato subiu na sua cabeça, como acontece com muitos. Em 2007, foi convidado para acompanhar o presidente francês Sarkozy em sua viagem à China e passou a dizer que queria ser reconhecido como o artista mais famoso da China. Se ficasse apenas com a categoria de retratista, talvez conseguisse o destaque que esperava, pois, para sua infelicidade, existe Ai Weiwei, que garante o topo do ranking entre os chineses mais famosos.

Apesar de toda a polêmica envolta de seu nome, Ming é, sem dúvida, uma das figuras mais importantes da arte contemporânea. Se tiver uma boa história do mundo da arte para me contar, aguardo sugestões pelo Instagram Keka Consiglio, Facebook ou pelo Twitter.