27/02/2023 - 9:34
Edgar Ricardo de Oliveira, de 30 anos, e o cúmplice, Ezequias Souza Ribeiro, 27, assassinaram sete pessoas em um bar, localizado no bairro Lisboa, em Sinop (MT), na última terça-feira (21). Eles atiraram nas vítimas após perderem duas partidas de sinuca. Um dos sobreviventes da chacina afirmou que os gritos de desespero “não saem da minha cabeça”.
“No segundo tiro, eu tive a reação de correr. Eu ia indo e escutando os gritos deles, não sai da minha mente aqueles gritos”, disse Luiz Ricardo Barbosa em entrevista ao programa “Fantástico”, da TV Globo.
O repórter perguntou se Edgar pediu para o comparsa, Ezequias, poupar alguma vida? “Ninguém, em momento nenhum, ele só chegou matando”, afirmou o sobrevivente.
Luiz Ricardo, que era sobrinho de Getúlio Rodrigues Frazão Junior, de 36 anos, uma das vítimas fatais da chacina, ressaltou que os dois autores da chacina não foram caçoados após perderem os jogos de sinuca.
“Teve uns boatos do pessoal falando que teve deboche. Não teve deboche. (Em certo momento), eu olhei no semblante dele (Getúlio) e vi que não estava gostando de Edgar”, completou.
Mãe da adolescente
Raquel Gomes de Almeida, mãe de Larissa Frazão de Almeida, de 12 anos, – também uma das vítimas fatais da chacina -, relatou que era companheira de Getúlio e estava na cidade para procurar uma vaga na escola para a filha.
“Só que não tinha (vaga na escola). Getúlio não tinha serviço no Maranhão. Por isso foi trabalhar (em Sinop) como azulejista”, explicou.
Raquel estava no bar no momento dos disparos e afirmou que Ezequias puxou a sua bolsa. Ela acredita que apenas sobreviveu porque a munição dos atiradores acabou.
Após o ocorrido, ela e Luiz Ricardo Barbosa voltaram a morar no Maranhão.
Dono do bar está entre os mortos
Maciel Bruno de Andrade Costa, de 35 anos, era o dono do bar e está entre os mortos da chacina.
A sua mãe afirmou que “nenhuma dor se compara a de perder um filho”.
“De manhã você recebe a notícia de que o seu filho está bem e sorrindo. Quando chega a tarde, recebe algo tão absurdo e bárbaro. Eu não sinto absolutamente nada, a não ser uma tristeza e um vazio sem explicação”, completou.
Maciel era casado com Kelma Costa, com quem teve dois filhos. “Eu não posso desanimar. Ele dizia que eu era uma guerreira”, afirmou.
Já Cícero Dias, filho de Josué Ramos Tenório, disse que deve sentir falta das conversas que tinha com o seu pai. “Quando eu quebrava o carro e ligava para ele, me explicava tudo certinho.”
“Ninguém merece ser tratado como um animal que vai para o abatedouro, foi o que aconteceu lá”, acrescentou.
Prisão
Edgar foi encontrado pela Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) em uma casa, localizada no bairro Jardim Califórnia, em Sinop, na quinta-feira (23). Ele se entregou após o seu advogado negociar com os agentes.
Ao sair da residência, ele afirmou aos veículos de imprensa que estavam do lado de fora que chegou a dizer para Ezequias, o seu cúmplice no ataque, que os dois deveriam “poupar vidas”.
Ele já teve a sua prisão temporária decretada pela Justiça. Edgar deve responder por homicídio qualificado por motivo fútil, uso de arma de fogo e meios que dificultaram a defesa das vítimas.
Ezequias morreu na tarde de quarta-feira (22) após ser baleado durante um confronto com a Polícia Militar. Ele chegou a ser socorrido e levado para um hospital da região, mas não resistiu.
Relembre o caso
Ezequias e Edgar perderam duas partidas de sinuca e, por conta disso, tiveram de pagar R$ 4 mil. Além disso, há relatos de que eles teriam sido caçoados pelas pessoas que estavam no bar, o que foi negado por um dos sobreviventes. Irritados, ambos voltaram armados para o estabelecimento, com uma pistola 380 e uma espingarda calibre 12, e colocaram as sete pessoas em uma parede e começaram a atirar.
A Polícia Civil informou por meio de nota enviada à IstoÉ que entre as vítimas foram: Larissa Frazão de Almeida, de 12 anos, Orisberto Pereira Sousa, 38, Adriano Balbinote, 46, Elizeu Santos da Silva, 47, Getulio Rodrigues Frazão Júnior, 36, Josue Ramos Tenorio, 48, e Maciel Bruno de Andrade Costa, 35.
Após o crime, os autores fugiram do local. Mas, depois, foram localizados.
Quem são os autores da chacina?
Edgar Ricardo de Oliveira possui registro como Colecionador, Atirador Desportivo e Caçador (CAC). Além disso, respondeu na Justiça por uma acusação de violência doméstica.
Já Ezequias tinha diversas passagens policiais por roubo, receptação e outros crimes.