Divulgação

É difícil classificar Quando Deixamos de Entender o Mundo, do autor chileno Benjamin Labatut. Trata-se de um livro que apresenta uma combinação bastante original de diversos gêneros. Sua espinha dorsal é composta por cinco mini-biografias de cientistas, astrônomos e matemáticos geniais, todos com uma característica em comum: enlouqueceram após perceberem as consequências trágicas que suas invenções trariam à sociedade. As trajetórias de figuras como Fritz Haber, criador das armas químicas, e o físico Werner Heisenberger, pioneiro da mecânica quântica, são descritas a partir de suas atividades no laboratório, mas também em situações caseiras, com esposas e amigos. O livro reúne relatos históricos sobre as consequências de suas invenções, e como isso teve impacto em suas vidas e carreiras. Publicado em mais de vinte idiomas e recomendado até pelo ex-presidente norte-americano Barack Obama, a obra traz associações surpreendentes entre elementos antagônicos. É o caso do texto de abertura, Azul da Prússia. Por meio de uma narrativa impossível de largar, Labatut revela a origem do pigmento descoberto no século 18 pelo fabricante de tintas Johann Jacob Diesbach. Usado nas pinturas dos grandes mestres para substituir cores usadas desde o Renascimento, como o quadro O Enterro de Cristo, do holandês Pieter van der Weff, o material também deu origem a um veneno mortal, dois séculos depois.

Histórias impossíveis de largar

“No dia 24 de dezembro de 2015, enquanto tomava chá no seu apartamento de Berlim, Albert Einstein recebeu um envelope enviado das trincheiras da Primeira Guerra Mundial. O nome do remetente estava oculto por trás de uma mancha de sangue.” O início do texto A Singularidade de Schwarzschild traduz o estilo de Labatut e prova: é impossível largar seu livro. Com narrativas instigantes, ele conquista até quem não gosta de cientistas.