O excesso de chuva trouxe a enchente, que trouxe a lama, que trouxe à tona as trágicas condições de caos e miserabilidade de grande parte da população do nordeste brasileiro – mais especificamente de Pernambuco e das Alagoas. Alimentos deteriorados pela água, que com ela vazaram de quitandas, vendas e supermercados, boiam pelas ruas de cinquenta cidades nas quais foi decretado estado de emergência ou de calamidade. E aproximadamente noventa mil pessoas, desabrigadas, vão à cata de tais produtos estragados para se alimentarem – na desesperada luta pela vida, os sobreviventes começaram a brigar entre si. Houve homicídio na guerra da fome e da penúria. Na quinta-feira 1 o número de mortes decorrentes das enchentes (desabamentos e afogamentos) já chegava a quinze, e os temporais não davam trégua. No município de Rio Formoso, por exemplo, o único hospital lá existente foi inundado. Tragédia dentro da tragédia, dezenas de pacientes tiveram de ser transferidos a outros pontos da zona da mata pernambucana – mas removidos para onde, se não há sequer casas de saúde? O socorro veio com a improvisação de atendimento de emergência em tendas de campanha do Exército. Também na cidade alagoana de Marechal de Deodoro, considerada patrimônio cultural do Brasil (nela morou o proclamador da República, marechal Deodoro da Fanseca), a população foi às ruas para tentar salvar comida na lama. “Estamos padecendo de uma situação extrema, de uma situação sem precedentes”, declarou um dos coordenadores da Defesa Civil na região, Kleyber Santana. Devastadores fenômenos climáticos acontecem em qualquer parte do mundo, até porque o homem jamais conseguirá domar completamente a natureza. Nesses momentos é que se percebe com maior clareza a probreza e a falta de infraestrutura nas quais boa parte dos brasileiros ainda é jogada e esquecida.

29,5% é o índice de corte no orçamento da Operação Lava Jato e da Polícia Federal do Paraná, promovido pelo Ministério da Justiça. Foram destinados esse ano R$ 20,5 milhões, bem menos que a dotação de R$ 29,1 milhões de 2016. Além do enxugamento, 44% dessa verba está contingenciada. É uma forma de matar de fome a Lava Jato, já que é impossível matá-la politicamente.

FRANÇA
A carona forçada de Macron a Putin

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Francois Mori

Emmanuel Macron cumpriu o protocolo e conduziu Vladimir Puntin ao Palácio de Versalhes, onde eles se reuniram. É visível que o presidente da França, ao volante, e o da Rússia, no banco de carona, estão pouco à vontade – e, pelo jeito, assim continuaram na reunião que estourou em uma hora o tempo agendado. Terminado o encontro, cada um disparou como quis. Macron disse que interpelara Putin sobre o fato de ele ter questionado a sua sexualidade durante a campanha eleitoral. Putin, por sua vez, declarou à imprensa que tal assunto não foi abordado. Como se vê, bastante profícua a sua visita à França.

SOCIEDADE
Garrincha sumiu

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Domingos Peixoto

Bicampeão de futebol pela seleção brasileira e considerado o segundo melhor jogador de todos os tempos (atrás apenas de Pelé), Garrincha morreu aos 44 anos, em 1983, e seu corpo foi sepultado em Magé, na Baixada Fluminense. Há cerca de uma década houve exumação para abrir espaço ao cadáver de um familiar. A administração do cemitério admite que nesse procedimento pode ter perdido os seus restos mortais.

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ESPAÇO
A conquista do Sol

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A Nasa anunciou que enviará uma sonda ao Sol em 2018. O Objetivo é pesquisar, ao longo de sete anos e numa aproximação de 5,9 milhões de quilômetros, eventos climáticos que têm desdobramentos sobre a Terra. Exemplo disso são as tempestades solares.

LAVA JATO
Guido Mantega escondeu da Receita US$ 600 mil

O detergente da Lava Jato faz gente pública e graúda lembrar do dinheiro que tem em contas no exterior. É tanto volume a estufá-las, que o cidadão comum jamais se esqueceria delas, ainda que tivessem o seu recheio dividido por 600. E por que esse número? Porque são US$ 600 mil que Guido Mantega, ex-ministro de Lula e Dilma, possui numa conta na Suíça. Ele acaba de admitir isso a Sergio Moro. Tal conta não foi declarada à Receita Federal. Segundo Mantega, o dinheiro advém dá venda de imóvel. E pensar que, nessa pindaíba do País, contribuinte pobre lembraria dia e noite de R$ 1 mil que fosse, se tivesse isso guardado. E com certeza informaria a Receita.

HISTÓRIA
A nossa carapuça

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John Kennedy faria cem anos de idade na segunda-feira 29 se estivesse vivo. Foi o mais carismático presidente dos EUA, o mais jovem a assumir a função (em 1961, aos 44 anos), e até hoje o único católico a chegar à Casa Branca. Agradava a ala moderada do partido Democrata e a liberal do partido Republicano. Deu aos americanos autoestima e economia sólidas, a ponto de sua vida particular, recheada de amantes, jamais arranhar a sua popularidade – chegou a dividir Judy Campbell com o mafioso Sammy Giancana, e isso em plena campanha eleitoral, sem reflexo nas urnas. Serve ao Brasil um trecho do discurso que teria feito em Dallas, em 22 de novembro de 1963, não tivesse sido assassinado nesse dia: “Somente um país que cresce e prospera economicamente pode sustentar a defesa da liberdade”

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