A possível saída do ministro da Defesa, José Múcio, do governo tem movimentado o tabuleiro político no Palácio do Planalto, e já há comentários sobre os nomes cotados para assumir o posto. Um fato é que esse nome não deve ser militar.
Entre os principais cotados, de acordo com a apuração do site IstoÉ, estão o vice-presidente Geraldo Alckmin, um dos favoritos de Múcio, além de Ricardo Lewandowski, atual ministro da Justiça e Segurança Pública, que pode dar lugar ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).
Mesmo com a possibilidade, Lula ainda trabalha para convencer o ministro da Defesa a continuar no cargo. As chances de mudança de ideia, segundo pessoas próximas a Múcio, são pequenas.
Não é de hoje que a troca na Defesa é discutida nos corredores do Planalto. Múcio chegou a ser criticado pela ala mais radical do PT, que não queria um militar no comando das Forças Armadas após os ataques de 8 de janeiro. Na avaliação dessa cúpula, o ministro teria sido conivente com a participação de militares nos atos antidemocráticos.
Com a situação estabilizada, José Múcio passou a se posicionar como um moderador entre as vontades do Exército, Marinha e Aeronáutica. Ele ganhou respaldo de Lula, que vê no ministro um articulador para voltar a ter aprovação dos militares.
Múcio também já sinalizou a vontade de deixar o governo ainda no primeiro trimestre deste ano. Ele conversou com Lula em São Paulo, no fim do último ano, durante o repouso do petista após passar por um procedimento cirúrgico na cabeça.
No encontro, o ministro disse que entregará uma lista tríplice com seus favoritos para assumir a pasta. A tendência é que Lula acate um dos nomes indicados pelo ministro, mas a troca deve ser feita apenas após a reforma ministerial, com Múcio saindo a pedido e não sendo demitido.
Reforma ministerial
A possível saída de Múcio pode facilitar a vida de Lula durante a reforma ministerial, prevista para as próximas semanas. O petista deve fazer grandes alterações na Esplanada para alavancar a segunda metade do governo e, de quebra, se cacifar para a reeleição em 2026.
Uma das “dores de cabeça” que podem ser solucionadas é Ricardo Lewandowski, que deve deixar a Justiça para dar lugar a Rodrigo Pacheco. A proposta inicial era dividir a pasta em dois ministérios: Justiça ficaria com Pacheco, enquanto a Segurança Pública se manteria sob o guarda-chuva de Lewandowski.
Sem pasta, Lewandowski poderia ir para a Defesa e se manter intacto na estrutura do Planalto, sem aumentar o número de ministérios.
Já se optar por Geraldo Alckmin, Lula poderá deixar mais espaço para o Centrão. Uma das opções é entregar o Ministério da Indústria e Comércio para um dos partidos que devem apoiar Lula em 2026, como MDB e PSD. Outra ideia seria entregar o comando da pasta para Márcio França (PSB), que há tempos tem cobrado uma participação maior no governo e quer maior protagonismo para se lançar candidato ao governo de São Paulo nas próximas eleições.