Guilherme Amado Coluna

Coluna: Guilherme Amado, do PlatôBR

Carioca, Amado passou por várias publicações, como Correio Braziliense, O Globo, Veja, Época, Extra e Metrópoles. Em 2022, ele publicou o livro “Sem máscara — o governo Bolsonaro e a aposta pelo caos” (Companhia das Letras).

Os fatores para Tarcísio disputar Planalto em 2030 — e um para concorrer já em 2026

Aliados de Tarcísio citam vantagens que ele teria ao esperar mais quatro anos, mas citam uma situação em que o governador abraçará a candidatura ao Planalto

Pablo Jacob/Governo do Estado de SP
Foto: Pablo Jacob/Governo do Estado de SP

Apesar do apoio de líderes do centrão e do empresariado para que se candidate à Presidência já em 2026, Tarcísio de Freitas tem titubeado nesse sentido nos últimos dias, relatam aliados do governador de São Paulo. Esses interlocutores de Tarcísio dizem que ele tem muitos motivos para adiar para 2030 sua entrada na corrida presidencial — motivos que, no entanto, podem ser deixados de lado em uma situação específica.

Entre essas muitas razões para esperar, a mais forte é o franco favoritismo para mais quatro anos no governo do estado mais rico e populoso do país. A partir dessa condição vêm outros fatores, dizem os aliados de Tarcísio, como a chance de se tornar independente politicamente de Jair Bolsonaro nos próximos quatro anos e consolidar marcas de gestão em oito anos no Palácio dos Bandeirantes.

Na lista de motivos para postergar a candidatura presidencial também estão vantagens práticas de ordem política, observam esses interlocutores de Tarcísio de Freitas: não enfrentar Lula como incumbente, um páreo duríssimo, e não encarar um cenário de desgaste amplo da direita como o atual — em que Bolsonaro foi condenado por tentar dar um golpe e Donald Trump baixou um tarifaço pelo qual Eduardo Bolsonaro trabalhou arduamente.

E qual seria o fator pelo qual todas essas ditas vantagens poderiam ser deixadas de lado por Tarcísio?

Caso Bolsonaro o apoie abertamente, convocando-o a disputar a eleição como seu candidato, dando ao “capita”, como o ex-presidente chama Tarcísio, uma “missão”.

Pelos lados do centrão, que se empolgou com o projeto Tarcísio-2026, Ratinho Júnior já é considerado como uma possibilidade real de apoio no ano que vem. Os líderes do grupo, no entanto, ainda prefeririam o governador de São Paulo simplesmente por considerarem que ele tem mais chances de vitória contra Lula, que tem se recuperado nas pesquisas.

Nesse sentido, avalia-se no centrão em insistir na tese de que, para Bolsonaro conseguir algum tipo de perdão por seus crimes, Tarcísio de Freitas é a melhor opção — e exatamente por isso deveria ser apoiado pelo ex-presidente. Sem citar Tarcísio, Ciro Nogueira falou sobre isso nessa sexta-feira, 26, ao responder a um tuíte de Paulo Figueiredo, o escudeiro de Eduardo Bolsonaro nos Estados Unidos.

“Acho uma crueldade deixar um homem de bem e honesto, como Jair Bolsonaro, preso por muito mais tempo, nas condições de saúde em que está, ameaçando a vida dele, caso a oposição não vença as eleições do ano que vem”, afirmou Ciro.

O novo lance do balé Bolsonaro-Tarcísio será visto na segunda-feira, 29, quando o governador de São Paulo vai a Brasília visitar o ex-chefe na prisão domiciliar.