Quem quer viajar para os Estados Unidos precisa pagar um preço bem alto. Além das passagens aéreas, estadia e gastos no país, o interessado ainda precisará colocar o fator tempo em busca de um visto para entrada naquele país e isso aumenta em muito o custo da viagem.

No estado de São Paulo, por exemplo, não há agenda para a tão temida entrevista com os funcionários dos consulados americanos em todo o primeiro semestre de 2022. Para se obter um visto, as entrevistas estão sendo marcadas para o final do ano que vem. Em Brasília e Porto Alegre a mesma coisa.

Uma possibilidade, para os viajantes mais pacientes, é ficar no site dos agendamentos atualizando a página para ver se abre uma “janela” em alguma das cidades brasileiras onde há representação americana: São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Recife e Brasília.

Na Embaixada de Brasília, ao atualizar a página, era possível ver duas datas disponíveis para novembro, mas isso é raro. Acontece quando há algum cancelamento. Conseguir ser entrevistado para a obtenção do visto também é uma dura tarefa para quem pagou a taxa e marcou entrevista antes da eclosão da pandemia, ou seja, pessoas que estão há quase dois anos tentando tirar o documento.

Os consulados dão preferência apenas para estudantes, principalmente para cursos de longa duração, casos médicos ou emergências. Brasileiros que moram legalmente no Canadá também falaram à ISTOÉ sobre a demora no agendamento, com entrevistas marcadas apenas para o mês de abril.

Então fica a pergunta? Será que os Estados Unidos realmente querem receber o turista brasileiro? Mesmo quando as restrições mais duras de quarentena foram liberadas, os consulados não abriram suas fronteiras para o grande público, nem de maneira parcial, quando o objetivo final era para o mero turismo. Não abriram nem para controlar a demanda represada, a das pessoas que já haviam passado pela parte do formulário e custeado a taxa de visto.

Isso tudo para chegar a hora e ainda não ter a certeza se será aprovado para fazer a sonhada viagem. Com o aumento de brasileiros tentando cruzar a fronteira de maneira ilegal, até quem se matricula em um curso de curta duração, acaba tendo o visto negado.

Será que os brasileiros não deveriam se valorizar e gastar o seu suado dinheiro em países onde podem entrar com mais tranquilidade? A maioria das nações da Europa estão abertas aos visitantes do país, bastando apenas o certificado da vacina para fazê-lo. Que tal conhecer Paris e a Euro Disney no lugar dos parques de Orlando? Quem sabe Cancún ou qualquer outro lugar paradisíaco no Caribe? As belezas de Barcelona, na Espanha – que aceita até visitantes vacinados com Coronavac, sem a necessidade de visto? O turista brasileiro ficou conhecido por gastar muito no exterior e o país que os recebe deveria ficar contente com essa classe média que ainda tem dinheiro para gastar fora do País.

Submeter milhares de pessoas a uma fila interminável – e até humilhante – deveria ser uma atitude a ser repensada pelos representantes de ambos os países. O presidente Bolsonaro, no lugar de falar bobagens a favor de Trump, e usar encontros internacionais para bater papo com garçons, deveria defender algumas pautas de respeito aos brasileiros no exterior.

Trazer investimento ao setor do turismo brasileiro – mostrar que estamos altamente vacinados – e que temos capacidade de atender os estrangeiros muito bem. Mas não. O mandatário não está interessado no bem-estar dos brasileiros, seja na saúde ou no lazer.