A apresentadora da Rede Globo de televisão Ana Paula Araújo participou da live de IstoÉ, nesta sexta-feira (6). A jornalista falou sobre o livro “A cultura do estupro no Brasil”. A obra, que acaba de ser lançada é fruto de um árduo trabalho de quatro anos de apurações, milhares de leituras, pesquisas e mais de cem entrevistas.

A autora durante esse tempo, viajou pelo País ouvindo mulheres, crianças e adolescentes vítimas de abuso sexual, além de criminosos e especialistas do tema.

“É comum homens jogarem a culpa na vítima e não se verem como estupradores. A sociedade costuma privilegiar a palavra do homem e duvidar da mulher”, diz.

Aos 48 anos, Ana Paula entende que a sociedade tem que por fim ao pensamento de que as pessoas que praticam os crimes de violência sexual estão longe de casa. A apresentadora afirma que na maioria dos ataques, o criminoso não possui o estereótipo de estuprador criado pela sociedade.

“É absurdo pensar que mulheres com roupas decotadas façam alguém se tornar um estuprador. É importante desmistificar a ideia de que o estuprador só age em ruas desertas, tarde da noite, contra mulheres descuidadas. Os estupradores estão entre nós”, alerta.

Ana  cita casos que ela apurou de crueldades tão absurdas, em que o criminoso fala com tanta frieza a prática criminosa, com a consciência da impunidade. A jornalista trabalha com números impressionantes e analisa os problemas de saúde mental que as vítimas sofrem e diz que a sequelas ficam para vítimas das agressões durante anos.

“Mesmo as que sabem que elas não são culpadas pela violência que sofreram, sempre é uma culpa muito grande. O estupro é o único crime em que a vítima é que sente culpa e vergonha”, explica.

A apresentadora busca na memória um episódio que aconteceu com ela dentro de um ônibus.

“Foi um dilema contar essa história. Ficava pensando se deveria contar alguma experiência pessoal, até que ponto iria me expor, porque não é um livro sobre mim. Mas, ao mesmo tempo, não queria que pensassem que não sabia sobre o que estava falando, num momento em que disse que todas as mulheres passam por isso. E contei esse episódio porque é bem trivial na vida de todas as mulheres que usam o transporte público”, revelou.

Outro ponto destacado por Ana Paula foram os episódios em que esteve com alguns criminosos na prisão e ficou assustada com o sentimento de impunidade no olhar dos estupradores.

“Os homens têm que ser educados a respeitar as mulheres, a aprender o que é consentimento”, finaliza.