Como já se esperava, uma guerra aberta proporcionou uma novidade tecnológica: além de espiões, drones estão funcionando como armas. Os EUA até desenvolveram um projeto específico para a Ucrânia. É o tal Phoenix Ghost, um “fantasma” agora customizado, para atender às necessidades do exército daquele país (é parecido com os Switchblade, que já estão em poder dos ucranianos). Como o próprio Pentágono divulgou, serão enviados 120 desses novos veículos não-tripulados, que podem ser carregados em mochilas e exigem treinamento muito simples para serem operados por controle remoto. Nessa categoria, o menor pesa dois quilos e meio, tem 15 minutos de autonomia de voo e dez quilômetros de alcance. São kamikazes, que planam sobre áreas determinadas até serem acionados contra um alvo, como se fossem mísseis.

Outro modelo que estaria saindo das pranchetas da mesma empresa, a Aeevex, também em parceria com as Forças Armadas dos EUA, tem decolagem vertical e sensores infravermelhos para voar à noite até por seis horas. Desses drones maiores, a Ucrânia já conta com os turcos Bayraktar TB2, desenvolvidos em 2014 com 6,5 metros e 420 quilos, 24 horas de autonomia a até 7.300 metros de altura, para voar até 120 quilômetros a 220 km/h. O presidente russo Vladimir Putin reclamou do governo aliado da Turquia, mas a explicação foi que a venda da empresa (privada) se deu antes do início da guerra. Apenas para espionagem, os ucranianos têm os alemães Vector (duas horas de voo, com transferência de vídeo HD em tempo real) e os caseiros Leleka-100. O Japão também está no céu dessa guerra, com os RQ-4B Global Hawk, para vigilância.

Os russos têm os Orlan-10, de reconhecimento, com pouco mais de três metros de envergadura, alcance de até 100 quilômetros e acessórios como câmeras para fotos aéreas e vídeos, além de sensores para detecção de calor. Acusada pela alemã MediaMarkt (fabricante de aparelhos eletrônicos) de repassar posições militares ucranianas aos russos, a empresa chinesa fabricante dos DJI – que coletam informações em tempo real de outros drones assim como a localização de seus operadores-pilotos – disse que retirou seus modelos da Rússia, onde mantinha produção, para impedir que fossem usados na guerra, porque foram planejados para “missões civis”.

Drones parecem não caracterizar invasão de espaço aéreo (como os aviões), porque lideranças políticas de Kursk e Voronezh, na fronteira com a Ucrânia, disseram que sua defesa aérea derrubou esses veículos dentro do território russo – e pelo jeito a história ficou por isso mesmo. Faltariam “regulamentações” básicas, mesmo no uso civil. Várias questões vêm sendo levantadas: em caso de acidentes, de quem é a responsabilidade? Hackers podem desviar trajetórias e promover situações de risco? Há segurança na proteção de indivíduos civis diante de operadores-pilotos despreparados? Fato é que os drones já têm papel fundamental nessa guerra da Ucrânia. Matar parece cada vez mais “limpo” e fácil. E lucrativo.