Bolsonaro é o típico governante de terceiro mundo que vai às redes sociais gritar palavras de ordem para animar seu auditório em suas empedernidas lives, pelas quais, inclusive, anunciou o suposto crime de perdoar o criminoso Daniel Silveira, de forma inconstitucional. Mas quem manda de fato no governo, nas verbas do orçamento secreto e nos R$ 16 bilhões que o governo tem para gastar, são Arthur Lira (presidente da Câmara) e o ministro Ciro Nogueira. Até aí não há novidade: a ISTOÉ mesmo revelou isso em capa quando Lira se elegeu na Câmara e quando Ciro assumiu a Casa Civil. Agora, porém, a situação está vergonhosa. De R$ 1 bilhão empenhado para ser gasto pelo FNDE, R$ 100 milhões foram destinados a Alagoas, curral eleitoral de Arthur Lira.

Piauí

Já para o Piauí, terra natal de Ciro, foi grande parte dos recursos empenhados para a compra dos ônibus escolares suspeitos de superfaturamento, também do FNDE, que tem R$ 55 bilhões em caixa. Esse dinheiro está se esvaindo pelas entranhas do poder por meio dos líderes do Centrão, auxiliados por ministros e pastores, sob o olhar leniente de Bolsonaro.

Helenão

É o que dizem os opositores do capitão. E o que faz o procurador Augusto Aras? Arquive-se. Como, aliás, tem sido em outros casos em que o presidente é dado como suspeito, o que ficou evidente nas denúncias feitas pela CPI da Covid. É como dizia o general Heleno na famosa reunião do PSL em 2018: “Se gritar pega Centrão, não fica um meu irmão”.

Canto da sereia

Caio Rocha

Ciro Gomes pode estar caindo no canto da sereia. Com 6,3% na pesquisa ISTOÉ/Sensus, divulgada dia 13, ele disse ao UOL que pode desistir da candidatura por um acordo nacional que pense em um nome comum na chamada “melhor via”. Mas todos sabem que não desistirá nunca de ser o cabeça da chapa. Admite até falar com o União Brasil. Ocorre que o UB também não vai abrir mão de chefiar o processo.

Retrato falado

“A Constituição não garante a liberdade de expressão como escudo protetivo para a prática de atividades
ilícitas” (Crédito:Divulgação)

Alexandre de Moraes segue fazendo história em defesa da democracia, ao conduzir com isenção o inquérito que apurou os crimes de ódio cometidos por Daniel Silveira, condenado à prisão. Basta acessar suas redes sociais para se comprovar os ataques dirigidos aos magistrados. Procurado por ISTOÉ para comentar a “graça” dada pelo capitão, o ministro esquivou-se. “O momento é de serenidade e quem deve falar pela Corte é o seu presidente, para não fulanizarmos a discussão.”

O jogo de Bivar

Luciano Bivar, do União Brasil, quer deixar de ser coadjuvante e passar a ser player importante na chamada terceira via. Não deixou de ir ao jantar pedido por Doria por acaso. Soube da articulação para se fechar uma chapa do tucano com Simone Tebet como vice e ele não quer ficar de fora. Entende ter o maior capital entre todos os partidos de centro, como R$ 1 bilhão do fundo eleitoral, grande número de deputados e nomes próprios para a chapa (ele ou Moro), o que não está sendo levado em consideração. Doria lamenta essa posição, porque pode inviabilizar um nome comum até o dia 18. Moro não topa ser deputado ou senador e pode não disputar cargo algum. Bivar quer.

Confusão

Não dá para esquecer que Bivar era o presidente do PSL que elegeu Bolsonaro presidente em 2018. Ele deixou a presidência da sigla para Bebianno, que carregou o capitão literalmente nas costas Brasil afora, elegendo um deputadozinho do baixo claro com discurso anti-Lula, que, talvez, volte a colar. Ou não?

Salto carpado de Mendonça

Quando era Advogado-Geral da União (AGU) e depois ministro da Justiça, o atual ministro do STF, André Mendonça, indicado de Bolsonaro para uma das 11 cadeiras do tribunal, classificava os ataques ao Supremo como liberdade de expressão. Agora na Corte, ele foi um dos dez magistrados a votarem pela condenação do deputado Daniel Silveira (PTB-RJ).

Divulgação

Com Gilmar em Portugal

Isso mostra que Mendonça deu um giro de 180 graus, afastando-se do presidente. Um dia depois de ter condenado o deputado bolsonarista (só Kássio Nunes foi fiel ao ex-capitão), ele tomou um avião ao lado de Gilmar Mendes e foi para Portugal fazer palestra em um evento patrocinado pelo IDP do decano do tribunal. Mendoncinha já está em outra.

O armistício de Leite

Pedro Ladeira

Depois de muito bater cabeça, o ex-governador Eduardo Leite decidiu escrever uma carta desistindo de disputar a presidência da República e comunicando que vai respeitar o resultado das prévias do PSDB em que foi derrotado por João Doria. Deixou de ser teleguiado pela turma de Aécio Neves e, depois de jantar com o ex-governador paulista, já pensa em disputar o Senado pelo Rio Grande do Sul.

Toma lá dá cá

Antonio Neto, presidente da Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB) (Crédito:Edilson Rodrigues)

Por que a CSB que o senhor preside não participará do 1º de Maio unificado com as demais centrais sindicais?
A CSB entende que a unidade é importante, mas precisa ser de forma recíproca. O hegemonismo não contribuiu para a unidade neste 1° de Maio.

A entidade que o senhor preside é a única que não apoia Lula para presidente. Por que Ciro Gomes?
Acima de nomes, nós, como entidade sindical, precisamos neste momento defender um projeto de desenvolvimento.

A CSB é a favor de revogar a reforma trabalhista?
Alguns pontos precisam ser revogados, pois são nocivos aos trabalhadores e causam insegurança jurídica ao setor produtivo.
Precisamos discutir uma fonte justa de sustentar as entidades sindicais.

Rápidas

* A PF prendeu, em Portugal, Nelma Kodama, numa operação contra o tráfico de drogas. Ela seria aliada do PCC. Foi a doleira ligada ao PT de Santo André que, segundo a Lava Jato, lavava dinheiro para os petistas da cidade onde o prefeito Celso Daniel foi assassinado.

* Durante a Lava Jato, Nelma namorou o doleiro Alberto Youssef, outro operador dos partidos do Centrão que se aliaram ao PT nos contratos ilegais das empreiteiras com a Petrobras, na gestão do petista Lula da Silva.

* No cárcere, na sede da PF de Curitiba, ela era vista desfilando nos corredores da carceragem apenas de camisola para provocar Youssef, preso na ala masculina: ele ficava com ciúmes e era alvo de chacotas até de empreiteiros.

* Essas histórias estarão no livro que o jornalista Pedro Marcondes, ex-ISTOÉ, prepara-se para lançar. A obra deve chegar às livrarias em meados deste ano, em meio à campanha eleitoral. Tem gente de orelha em pé.