O acordo entre o Mercosul e a União Europeia foi amplamente comemorado por integrantes do governo, empresários e até pela mídia, que nunca gosta de nada. Achei justo. Afinal, faz bastante tempo que o Brasil estava carente de uma conquista desta magnitude.

Quem levou a notícia para o presidente foi um assessor.

– Acordo com a União Estudantil? O Weintraub tá sabendo disso?

– Não, presidente. UE é a União Europeia.

O assessor explicou o acordo e, em seguida, muito respeitosamente, sugeriu moderação ao presidente na hora de divulgar pelo Twitter. Mas o mandatário já estava batucando no celular.

– É que o senhor e o ministro Guedes já criticaram muito o Mercosul.

– Shhh! Não me desconcentra. Conta mais que eu tô achando que essa história rende mais uns três tweets.

Na verdade, o assessor não conhecia grandes detalhes, já que pouca coisa havia sido divulgada.

Sabe-se que, em dez anos, mais de 90% dos produtos brasileiros estarão livres de impostos na Europa, o que deve representar um crescimento de mais de U$ 125 bilhões de dólares no nosso desalentado PIB.

É claro que um acordo musculoso como esse não vem de graça. Os negociadores brasileiros tiveram que fazer diversas concessões, por isso é importante conhecer melhor os termos.

Tive acesso à meia dúzia de pontos que ainda não foram divulgados e os trago em primeira mão. A França foi um dos países que mais criou problemas. Para assinar o documento, exigiu que, a partir de 2020, todas as finais de campeonatos da Fifa sejam contra o Brasil — “Le Freguesê”, como eles nos chamam.

– Aceitamos. Assim pelo menos garantimos o vice — declarou uma fonte do Ministério do Esporte.

E tem mais. A Itália vai permitir a naturalização de qualquer brasileiro que tenha um conhecido, mesmo que distante, que descenda de italianos. Em contrapartida, o Brasil terá que receber de braços abertos qualquer mafioso fugitivo. Uma fonte do STF afirmou que isso não mudará nada, pois na prática já é assim. Ou seja, foi uma vitória.

Os portugueses aproveitaram a oportunidade para exigir que nenhuma piada tenha o casal Manoel e Maria como protagonistas. O Brasil, obviamente, não aceitou. Há limites para tudo, afinal. A Espanha focou nos recursos naturais e exigiu que os países do bloco sul-americano aderissem às touradas. Topamos só para dar um novo uso às nossas arenas da Copa.
Por falar em futebol, a boa notícia é que ficou acertado que a Seleção Alemã está proibida de fazer mais que cinco gols na Seleção Brasileira em jogos oficiais. Em amistosos estão liberados até nove.

A hipótese de placares de dois dígitos ficou para ser discutida posteriormente. A primeira-ministra alemã, Angela Merkel, achou um absurdo e disse que essa exigência brasileira vai fazer os alemães perderem o interesse pela Copa do Mundo. Mas aceitou depois que soube que o preço de uma BMW no Brasil continuará custando o equivalente ao PIB da Bolívia. O que é combinado não é caro nem barato.

A indústria do turismo também entrou no acordo. O Brasil — dizem que por pressão do Planalto — proibiu a vinda de turistas gays europeus. Ou melhor, criou dificuldades. Só poderão entrar aqueles que assinarem um termo garantindo que estão curados. Ou que se comprometerem, durante as férias, a adotar um comportamento heterossexual. Carnaval no Rio, nem pensar. Só com atestado médico. Mas de todas as medidas, a que foi mais comemorada pelos políticos foi o compromisso da Suíça em adotar o real como moeda oficial.

– Isso vai facilitar muito o financiamento das nossas campanhas. Agora vai! — disse um governador que não quis ter seu nome revelado. Ele festejou abrindo um champanhe. Dos franceses.

Foi criada uma cota para gols alemães nos jogos entre as seleções e gays europeus só vão entrar com atestado. Em contrapartida, vamos receber mafiosos. Piadas de português seguem valendo