Países que banham o Oceano Pacífico como Japão, Indonésia, Estados Unidos e Chile, para citar apenas alguns, pertencem ao que os geólogos chamam de “Círculo de Fogo”. O apelido da região acontece pelo encontro de diversas placas tectônicas que, ao se chocarem constantemente uma com as outras, causam erupções vulcânicas, terremotos e consequentes tsunamis. O mais recente deles, o vulcão submarino próximo ao arquipélago de Tonga, que levou ondas gigantes até as praias do Peru e Nova Zelândia, assustou a comunidade internacional por sua imprevisibilidade. Mesmo dentro do oceano, seu estrondo pode ser ouvido até nos Estados Unidos.

Apesar dos avanços da ciência e meteorologia, ainda não é possível saber exatamente quando um vulcão irá entrar em erupção e com qual intensidade isso acontecerá. É possível medir a temperatura em seu redor, fazer uma média matemática com as últimas vezes que estiveram em atividade, mas é isso o que a humanidade dispõe até o momento. O que pode ser feito, no entanto, é preparar o terreno para quando chegar a hora da catástrofe. Quando o alerta de tsunami foi emitido aos países, o Peru, a nove mil quilômetros de distância de Tonga, decidiu não fechar suas praias e duas pessoas morreram afogadas com súbitas ondas gigantes.

O Japão, um dos países mais atingidos pelos desastres por sua localização na crosta terrestre, é o que mais se preocupa com o que pode surgir. O território japonês possui prédios capazes de aguentar fortes terremotos, grandes quebra-mares para mitigar o impacto dos tsunamis, alertas nos celulares e total paralisia de trens e serviços em até um minuto depois que um sismo é captado. E, mesmo com toda essa tecnologia, não foi possível evitar o desastre de Fukushima e a morte de milhares de pessoas, em 2012. Se naquele evento foram 15 mil mortes, na Indonésia, em 2004, o tsunami que atingiu diversos países asiáticos, ceifou a vida de mais de 250 mil pessoas. A tragédia, porém, foi enorme em ambos os casos.

O estado da Califórnia, que possui a falha de San Andreas, onde duas placas tectônicas se encontram e se friccionam entre si – e que até já gerou filmes de ação explorando a possível catástrofe – não tem planos como os dos japoneses caso um grande terremoto ou descolamento da falha geológica possa acontecer. Assim como no início da atual pandemia, onde o planeta se viu sem máscaras, álcool em gel, testes e respiradores, os desastres naturais precisam também estar na agenda dos governantes.

Mesmo que o Brasil não faça parte da área de risco desses eventos, países próximos como a Guatemala e o Chile podem impactar a nossa realidade como já aconteceu no passado. Em 2011, cinzas do vulcão Puyehue, no Chile, encobriram o sul do país e causaram o cancelamento de diversos voos. Isso sem mencionar os riscos respiratórios dessa fuligem. Apesar de remotas, as chances de vulcões nas Ilhas Canárias causarem um tsunami no Brasil são possíveis. Enquanto o País se vê em meio a tragédias diretamente ligadas ao aquecimento global e ao descaso com o meio-ambiente, é preciso estar atento a todos os cenários. Sirenes, equipes treinadas, SMS automáticos e o que mais puder ser feito, deve estar à serviço da população.

Devemos, como cidadãos do mundo, trabalhar em conjunto para que futuras pandemias sejam controladas a tempo e que o aquecimento global seja finalmente levado a sério por todas as nações. Evitar a perda de vidas humanas por falta de investimento em ciência e pesquisa é inadmissível, seja no fundo do mar ou em meteoros no espaço. Estar ciente das possibilidades, mesmo que remotas, é melhor do que caminhar no escuro, “torcendo” para que o mal não aconteça. É o velho ditado, prevenir é melhor que remediar.