Passada a euforia da vitória eleitoral, o presidente eleito do Peru, Pedro Castillo, tomará posse na próxima quarta-feira, 28. Uma série de desafios esperam o novo mandatário peruano. Uma das principais reivindicações da sua própria base é a criação de um sistema único de saúde, que não existe no país. A pandemia da Covid-19 matou 185 mil pessoas no país, com 33 milhões de habitantes.

O outro desafio será econômico. Ao redor de 80% da mão de obra do país está na informalidade e por isto não tem acesso ao sistema previdenciário do governo. O Banco Mundial estima em 11% a queda do PIB peruano em 2020, paralisando o turismo, os serviços e a indústria. A quantidade de pessoas que vivem abaixo da linha da pobreza cresceu em 6 pontos porcentuais, para 27% da população total.

Este cenário todo levou à vitória da coalizão de centro-esquerda de Castillo, por uma margem muito pequena de 44 mil votos. Sem o controle do Congresso, o presidente peruano precisará negociar as reformas constitucionais. Especialistas dizem que elas passarão pelo aumento da carga tributária, que no Peru é de 20% do PIB. Para colocar em prática sua plataforma de combater a pobreza e a pandemia, Castillo precisará de dinheiro. É aí que a habilidade política do presidente peruano será testada.

Promessas populistas, por mais que sejam legítimas as aspirações, sempre são confrontadas com a realidade após as eleições. E a realidade em qualquer democracia passa pelo poder legislativo. A volta da esquerda ao poder no Peru será acompanhada com atenção por toda a América Latina.