As manifestações contra o governo que tomaram as ruas do País recentemente, não só deram voz à indignação de uma parcela da população que assistia calada o que se passa no Brasil, como também trouxeram à luz uma situação muito delicada que vinha acometendo milhões de incautos cidadãos.

Trata-se do Bolsoluto, uma condição emocional muito séria que traz tristeza, angústia e, em alguns casos mais severos, pode até levar à grave depressão.

O processo é disparado quando o indivíduo desperta para o óbvio e começa a questionar suas crenças mais arraigadas como o negacionismo crônico ou o excesso de conservadorismo.

Os fatos que começaram a surgir na CPI também têm colaborado para o aumento de casos deste transtorno.
Do dia para a noite o sujeito é confrontado com evidências inquestionáveis de que, em 2018, jogou seu voto pela janela. E nem todos possuem a estrutura emocional para enfrentar tamanha perda.

Ainda mais grave é o fato de que o enlutado, muitas vezes, precisa encarar sozinho esta condição, pois, não raro, foi expulso de grupos de WhatsApp da família e bloqueado pelos amigos nas redes sociais.
Pensando nisso, e como utilidade pública que pode ajudar alguém de sua família, divido com o leitor os cinco estágios do Bolsoluto.

Conhecendo o processo pelo qual seu ente querido está passando, você poderá ajudá-lo a superar esse trauma e minimizar seus efeitos.

Primeiro Estágio – A Negação

Esta é, sem dúvida, a fase mais demorada do transtorno.

Existem registros onde o estágio de negação durou quase dois anos e meio.

Ao perceber a quantidade de bobagens que defendeu, fake news que divulgou e caixas de hidroxicloroquina que comprou, o indivíduo simplesmente nega suas próprias atitudes passadas. Inconscientemente, ele sabe que está se enganando, mas a vergonha diante de seus pares não permite avançar rumo à cura. Tenha paciência.

Segundo Estágio – A Raiva

Quando a raiva aflora, começa também o processo de superação. Especialistas dizem que raiva externada contra tudo e contra todos é, na verdade, uma atitude inconsciente de autopreservação, pois o indivíduo sabe que o alvo de sua raiva deveria ser ele mesmo. Mas para não se autoflagelar, acaba direcionando seu ódio ao Lula, ao Ciro Gomes e a qualquer outro representante do comunismo internacional,.

Terceiro Estágio – A Barganha

Em franco processo de cura, neste terceiro estágio o indivíduo inicia uma série de negociações consigo mesmo e com os outros. Nas redes sociais é comum que escreva longos textos onde reconhece os erros do governo na Saúde, mas os relativiza com as conquistas dos últimos dois anos em outras áreas como Economia, Educação e Meio Ambiente. Nesse momento é importante que não seja contrariado ou voltará imediatamente para o segundo estágio. Aguente firme.

Quarto Estágio – A Depressão

Aqui é quando a coisa bate de verdade. Difícil ver um ente querido mais de 20 horas, catatônico, diante da televisão assistindo aos depoimentos do ministro Pazuello, Wajngarten ou da Dra. Nise. Normal encontrá-lo de madrugada num canto da sala, batendo a cabeça na parede. A boa notícia é que seu Bolsoluto agora encontra-se quase superado.

Quinto Estágio – Aceitação

Aqui não há mais o que temer. O duro processo de redenção terminou. Na maioria dos casos a dor sempre estará presente, é claro, mas já é possível ver uma luz no fim do túnel. O indivíduo volta a ler jornais e participar de almoços de domingo em família.

Os psicólogos, no entanto, recomendam que a família mantenha constante observação para recaídas e não fale sobre política até 2022.

Agora, se na próxima eleição seu querido familiar repetir o erro, desista.

Esse é caso perdido.