O turismo brasileiro já perdeu R$ 395 bilhões em receitas desde o início da pandemia, segundo dados da FecomercioSP. É um dos setores mais afetados pela crise, mas aposta suas fichas no próximo verão – o que é, por si só, um dilema. De um lado, o setor conta com o avanço da vacinação da população, que hoje é de cerca de 30%, com uma demanda reprimidíssima da pandemia e com o dólar alto, que torna mais impeditivo viajar ao exterior. Mesmo destinos internacionais que poderiam ser mais baratos, como alguns países da América Latina ou da Ásia, as passagens estão com preços altos por causa do fator cambial. Sem contar que, depois da Covid-19, muita gente está com o orçamento menor.

Além disso, alguns governos ainda não liberaram completamente a entrada de brasileiros – e os que fizeram criaram regras díspares sobre as chegadas, como períodos grandes de quarentena. Com esse contexto, o turismo espera ansioso por férias que deverão ser muito mais com destinos dentro do próprio País.

Por outro lado, porém, há quem olhe para a parte vazia do copo: nele, não há perspectiva de que essa demanda reprimida se torne ação econômica. Primeiro, justamente porque o ano está sendo marcado por mais pessoas desempregadas, inflação alta, queda na renda e incertezas quanto à situação do país. Além disso, muitos segmentos concorrem por essa volta em massa ao consumo, como partes do comércio, por exemplo, que ficaram restringidos em diversos momentos de 2021.

Esse é um dos principais dilemas econômicos hoje do Brasil. Mais do que isso, precisamos ver se o Brasil realmente vai viajar nas férias neste ano. Isso será um termômetro relevante para entender quais serão os rumos da economia em 2022. Se as pessoas preferirem ficar em casa, fazendo um colchão de economias para dias mais difíceis pela frente, é sinal que a economia continuará retraída no ano que vem.